Páginas

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Cachoeira Farofa (por cima)

Objetivo: Cachoeira Braúnas (não alcançado)Distância Aproximada : 6,32 KM (ida)Cachoeiras no caminho : Farofa (7a. Queda)Altitude Inicial : 802m
Altitude Final : 1207m
Altitude Máxima no percurso : 1240m
Variação de Altitude da trilha : =~ 400m
Animais encontrados pelo caminho : abelhas cachorras, marimbondos, carrapatos, cobras
Passagens pela água : 2
Trilha bem demarcada : Sim
Perigo de perder : não
Dificuldade : Média

Começamos a trilha pelo km XXX da MG XXX ainda cedo. Chegamos por volta de 7 da manhã na estrada de terra. O início foi marcado por um tico de apreensão uma vez que não sabíamos se conseguiríamos não sermos barrados já de cara pelos guardas do Parque Nacional. Informando-nos com os moradores locais, descobrimos que naquele fim de semana comum, a entrada 2 do parque não estava sendo vigiada.
Assim, continuamos pela estrada de terra até chegar à Pousada Pousada Fazenda do Engenho, que fica quase em cima da porteira de entrada do Parque Nacional


Início da Trilha - Entrada do Parque Nacional

Na volta, descobrimos que era possível continuar com o carro um pouco mais, o que já seria uma ajuda para a volta, uma vez que a pousada fica numa bela descida (subida na volta). Porém, deixamos o carro ali e descemos o começo da trilha (mais ou menos 400 metros até o primeiro cruze de rio pela casa velha).
Continuamos tranquilos pelo começo da trilha até encontrar a Casa Velha 2, que fica na encosta do rio, com uma entrada fácil por ela. Importante salientar que atravessamos o rio na época mais seca do ano (não sabemos se em época de cheia fica dificil atravessar). Molhamos os pés apenas até o calcanhar e seguimos caminho, agora situados a direita do leito do rio, se considerarmos sentido de ida.


Prainha - Fim da Parte 1 da Trilha
Ficamos ali meio apreensivos nesses 1500 metros iniciais, sem saber onde exatamente começaríamos a subir a montanha. Mas continuamos seguindo mais ou menos a linha do rio, passando por uma pequena floresta, logo encontrando uma clareira e finalmente encontrando uma trilha que começava a se delinear para a direita.
Desde a pousada até o início da subida da montanha são 2,31 kms.
Daí consideramos que a trilha realmente havia começado. Com o peso nas costas, percebemos que o que se leva nela é um tópico muito importante a ser pensado para uma trilha desse calibre. Não se trata de uma trilha difícil, mas debaixo do sol e com uma subida total de 400 metros, o peso passa a ter influência decisiva no gás da turma.
A trilha não possui atrativo eólico, isto é: espere muito calor. Uma vez que a trilha fica exatamente no vale entre duas montanhas, o vento é praticamente nulo (acho que foi nulo, hehe). Até o fim da subida são 4,01 kms e não espere muito a companhia da água. Você verá água em apenas 3 pontos da trilha. Uma vez no início da subida. Uma segunda vez quase no fim da subida (meio da trilha) e finalmente, nas quedas da cachoeira.
Não é recomendado utilizar a água da trilha para hidratação. Infelizmente a água desse local é conhecida por sua contaminação por vermes.
Apesar disso, nós não seguimos a recomendação. Levamos pouca água (e muito peso) e tivemos que apelar pra água “contaminada”. Não morremos, tanto que estou postando aqui, mas tomamos alguns vermífugos na volta (espero tê-los matado).
A trilha continua mais amena após essa pior parte. Em alguns momentos a trilha se bifurca e isso pode causar confusão. No entanto, todas as bifurcações sempre se encontram novamente um pouco mais adiante.
Continuamos com muita sede até encontrar água. Dessa vez, do leito principal da cachoeira da Farofa.
Quando se chega ao fim da subida o alívio é bom.

Parte 3 - Visão da subida entre as montanhas (quase sem água)

A subida continua pouco, mas bem menos inclinada. Chega-se assim no pico de um morro (sem perceber) e vê-se uma cachoeira (provavelmente a 2a. das 7 quedas). O acesso a cachoeira é dificil com mochila nas costas, então deixamos as mochilas um pouco mais no alto.
Tivemos que passar no mato até alcançar a cachoeira que deve ter por volta de 15 metros de altura e um poço bem estreito e fundo. A cachoeira fica bem apertada entre o pequeno morro e a chance de encontrar cobras , digamos, não é baixa.
A água é fria, mas podemos nadar um pouco ao menos. É possível subir nas pedras lateriais da direita da cachoeira, o que dá uma vista legal. E foi lá que eu esbarrei com uma cobra de quase 2 metros. Não foi muito agradável, hehe. Mas por sorte ela apenas se afastou.. depois disso resolvi não me adentrar muito no mato.
Saindo de lá, seguimos a trilha, que ia em direção as próximas quedas de farofa. Chega-se facilmente até a 2a. queda na parte de cima. Essa queda já é bem mais alta e daí já é possível enxergar as próximas quedas. O nosso plano era descer Farofa com as mochilas. Porém não encontramos nenhuma trilha viável. Só havia pedras e nenhum caminho que fosse possível descer.
Queríamos continuar até tentar encontrar Taioba, porém, não havia mais trilhas e encarar o mato com chances de esbarrar com cobras não nos aminou a continuar.
O mato não é alto: deve bater uns 10 centímetros na canela, mas é um altura suficiente pra não se saber exatamente no que se está pisando. Desistimos, assim, de continuar e fizemos a trilha de volta.
As 17:15 estávamos praticamente no fim da trilha la embaixo, sedentos e bem cansados, quando percebemos que estávamos perdidos. Não nos lembrávamos daquela parte com água e assim começamos a subir em busca do nosso erro. Depois de praticamente 40 minutos de subida, sem sucesso, não conseguimos nenhuma bifurcação no qual poderíamos ter nos equivocado.
O desespero bateu um pouco quando não tinhamos mais água (e sabiamos que estávamos longe dela) e o sol estava se escondendo atrás da montanha. Com um dos meus amigos com muita dor na perna, resolvi correr.
Larguei minhas mochilas e comecei a correr ladeira acima: precisava encontrar água. (eu tinah certeza que faltava pouco pra encontrar água.. se é que não tinhamos errado também o caminho de subida).
Quando eram 17:45, encontrei a água parada (não era água ideal, mas era melhor que morrer de sede).
Voltei com um sorriso (seco) pra avisar meus amigos (Bill e Fredão). Não iamos conseguir descer a tempo, mas íamos conseguir sobreviver, hehehe.
Voltamos com toda a bagagem e bebemos muita água (nosso prêmio). Sem muitas opções de o que fazer, resolvemos com os ultimos minutos de sol tentar descer sem a bagagem pra pelo menos tentar descobrir o nosso erro. Descemos apenas com comida e lanterna (Bill e eu), enquanto Fred ficou descansando com o resto da bagagem do lado da água.
Descemos sempre nos separando em todas as bifurcacções possíveis e confirmamos que todas elas sempre se encontravam mais adiante. Depois de mais ou menos meia hora de descida (descemos bem rápido) chegamos ao mesmo ponto em que achávamos que havíamos errado. Continuamos com o último filete de luz que nos sobrava do sol. Depois de mais 15 minutos de caminhada , confirmamos. Estivemos sempre no caminho certo! Mas agora era tarde pra descobrir isso.
Quando ficamos aliviados por ao menos saber que não estávamos perdidos começamos a subida de volta para o nosso “acampamento”. Quando voltamos, vimos Fred já com a barraca montada, (sobre pedras e mato) (não há lugar para se acampar la em cima!). Chegamos ao camping por volta de 19:30.
Não tinha levado colchão, assim que passei uma noite do capeta, dormindo sobre 3 pedras pontudas. Mas consegui cochilar.
Não ousamos fazer fogueira porque havia mato por todos os cantos e o pior: mato relativamente seco, o que faria muito arriscado acender uma fogueira e causar um super incêndio fora da lei.
Não escutamos barulhos estranhos e nem nos deparamos com animais de grande porte (felizmente). Apesar das pedras, a noite fluiu tranquila. (acho que o som do meu celular ajudou a amenizar a escuridão e o silêncio absoluto).
O outro dia amanheceu ensolarado. O sol saiu mais ou menos as 8:30 de trás da montanha atrás da Farofa No. 1.
Certos de nosso caminho certos, desmontamos a barraca e descemos toda a trilha.
O fim da trilha (depois de atravessar o leito do rio la embaixo) foi especialmente desgastante. Parecia que não chegava nunca. Confesso que sonhei como nunca com uma Coca cheia de gás, e foi isso que fiz quando cheguei ao carro. Desci até a pousada onde havíamos parado o carro e pedi:
“Me vê a coca mais gelada que você tiver”.
Não tivemos ânimos de procurar outra cachoeira (ainda nos sobrava tempo). É porque não nos sobrou perna pra isso. Mas nos sobrou uma bela história pra contar e uma trilha inesquecível nessa Caça as Cachoeiras




Dicas:
  • Importante perguntar aos moradores se o Parque Nacional está de guarda. (só se pode ir com guia, se for o caso)
  • O carro pode entrar no Parque, até uns 200 metros para frente (ajuda um pouco).
  • O início da trilha não é bem demarcado. Deve-se seguir adiante (paralelo ao leito do rio) por 500 metros. mais ou menos. Logo a trilha começa a aparecer.
  • As bifurcacoes sempre se encontram mais adiante, confie no seu taco!
  • Fique de olho, há cobras!
  • Leve água. Esse peso é essencial.
  • Não há lugares para acampar lá em cima, a não ser que goste de dormir sobre pedras.
  • A descida para Farofa de baixo não é trivial. Praticamente impossível de se realizar com bagagem.
  • A trilha demarcada termina em Farofa de cima. É possível continuar andando até Braúnas, mas sem trilha demarcada.



Resources:
Fotos:
Mais fotos aqui.

Vídeos:


Mapas:


View Larger Map

Download de Mapas: (obs: o mapa é desenhado, não foi feito com um GPS de fato).
Versão .gpx (para GPS's)
Versão .kml (para Google Earth)

Os Caçadores de Cachoeiras

Os Caçadores de Cachoeiras