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domingo, 26 de outubro de 2014

Cachoeira da Fumaça (por baixo) - sem Guia - Chapada Diamantina




Cachoeira da Fumaça (por baixo) -
Chapada Diamantina


Neste artigo falamos sobre a expedição à Cachoeira da Fumaça por baixo em todos os seus detalhes.
____________________________________________________________________________
Duração: 3 dias
Gastos (por pessoa) : Grátis
Trilhas (distância total) : 31,05km
Dificuldade nível: dificuldade_min.pngdificuldade_min.pngdificuldade_min.pngdificuldade_min.pngdificuldade_min.png (difícil)
Atrativos : Montanha_min.pngMontanha_min.pngcachoeira_min.pngcachoeira_min.pngcachoeira_min.png






Leia também:


1.Introdução
Acesse um roteiro resumo deste post, com todas as tabelas:

Este post é o 4o. post da Chapada Diamantina e o 2o. post sobre a Cachoeira da Fumaça na Chapada Diamantina.


Já falamos da Cachoeira da Fumaça, mas apenas por cima. Neste post falamos da Trilha Cachoeira da Fumaça (por baixo), a trilha mais tradicional e conhecida da Chapada Diamantina, com duração tradicional de 3 dias.


Essa trilha também passa por Fumaça por cima.


Daremos todos os detalhes possíveis desta trilha para que você tenha coragem de fazê-la sozinha e, talvez, um dos itens mais valiosos deste post será o relato que está bastante detalhado.


Exitem vários relatos desta trilha pela internet, mas apresentamos um diferencial. Fizemos a trilha no sentido menos tradicional Vale do Capão → Lençóis, e recomendamos o desafio!

Não deixe de ver o comentário do nativo Peter, ao fim do post.

Boa leitura.


Este post tem as seguintes seções:
1.Introdução
2.Atrativos
3.Parque Nacional da Chapada Diamantina
4.Passeio
4.1.Breve Descrição do Passeio
4.2.Linha de Tempo do Passeio
4.3.Resumão do Passeio
4.4.Tempo e Dinheiro no Passeio - Total
4.5.Logística
4.5.1.Breve Descrição
4.5.2.Trechos
Salvador - Palmeiras
Palmeiras - Vale do Capão
Lençóis - Salvador
4.6.Mapa
5.Trilha
5.1.Breve Descrição
5.2.Ficha Técnica da trilha
5.3.Detalhes
Dia 1 - Fumaça Por cima
Dia 2 - Fumaça por Baixo e Capivara
Dia 3 - Palmital e Ribeirão do Meio
5.4.Tabela DTED: (distância-tempo-elevação-dificuldade) - por parte
5.5.Pontos de Referência
5.6.Pontos de Referência por Tema
5.6.1.Pontos Atrativos
5.6.2Pontos de Parada para Pernoite
5.6.3.Pontos Críticos
6.Glossário - Desambiguação
7.Placar das Atrações
8.Análise do Sentido da Trilha
9.FAQ
10.Dicas
11.Downloads
12.Fontes e Referências
13.Relato, Fotos e Vídeos


2.Atrativos
Em ordem cronológica no sentido Vale do Capão → Lençóis


Cachoeira da Fumaça por cima (Mirante)
  É um ótimo incentivo para o início de trilha. O primeiro ponto bonito da trilha é a famosa visão da Cachoeira Fumaça por cima. O mesmo local conhecido em trilhas de 1 dia. A visão é estonteante.










Cachoeira da Fumaça (por baixo)
  Segunda maior cachoeira do Brasil, vazão de água pequena, mas paredão estonteante. Poço muito bom para nadar, local para incontáveis fotos.




















Poços da Toca do Macaco
  São pocinhos do Rio Capivara, não tem nada demais, mas como eles estão do lado de um dos Campings da trilha, vale a apena citá-lso. Bom local para se molhar e descansar tranquilo.














Cachoeira Capivara
  Excelente cachoeira, de porte pequeno/médio mas com vazão de água muito grande e um ótimo poço com muitos pontos de pulo. Cachoeira “abafada” pela Cachoeira da Fumaça, mas dê atenção a este belo atrativo e reserve um tempinho para ela.













Cachoeira Palmital
  Última cachoeira da trilha tradicional. Nós não conseguimos conhecer esta cachoeira desta vez.


3.Parque Nacional da Chapada Diamantina
Estrutura e Detalhes para a Cachoeira da Fumaça


Já demos um bom panorama sobre o Parque Nacional neste post aqui (seção 3.2).
Neste post falamos especificamente da estrutura do Parque para este passeio.


O Parque Nacional tem uma estrutura muito simples e não cobra a entrada para nenhum passeio. Porém, a maioria dos passeios dentro do Parque não possui sinalização o que acaba influenciando na contratação de guias.


A Cachoeira da Fumaça por baixo não é diferente. A trilha não tem nenhuma sinalização ou estrutura feita pelo parque, mas a contratação de guias não é exigida pelo parque. Pode-se entrar por própria conta (como fizemos).


Nesta trilha o parque só controla a entrada por um lado (Vale do Capão). A entrada na trilha (ou saída, depende do sentido que você escolher) de Lençóis não é controlada. Achamos esse fato um pouco curioso pois, em Vale do Capão é necessário escrever seus dados de entrada e previsão de chegada em Lençóis, mas como não há controle nenhum em Lençóis, não sei como eles fariam para dar “baixa” no visitante ou mesmo reportar possíveis desaparecimentos ou acidentes, uma vez que não há como saber quem “saiu do outro lado”.


Em Vale do Capão o Parque tem uma pequena casinha com um funcionário que está apto a lhe dar as informações básicas para a trilha. Não ha lugares de venda de comida e também não é aí que você encontrará guias para contratar. Os guias devem ser contratados nas cidades (Vale do Capão ou Lençois) antes de ir ao início ou entrada do Parque.


A entrada do Parque já fica na trilha (fora da cidade de Vale do Capão), então você já deve chegar aí preparado.


4.Passeio
4.1.Breve Descrição do Passeio
A Cachoeira da Fumaça é uma cachoeira que exige planejamento. Não há forma rápida de se chegar a tal cachoeira porque, independente do lado que você escolher para iniciar o passeio, há uma distância considerável a ser vencida. São 30km de trilha no total, muito pouco provável conseguir fazer o passeio completo em 1 dia apenas. É possível, mas pouco produtivo e extremo.


Em 2 dias é factível, mas tendo que carregar mais coisas, acaba compensando o “ganho de tempo” e continua sendo pouco produtivo e extremo.


3 dias é um tempo razoável para realizar a TRILHA. mas não se esqueça que o passeio não é só a trilha em si, você precisa pensar no antes da trilha e no depois da trilha. O ideal é iniciar a trilha pela manhã, sendo que você vai terminar ela na tarde do terceiro dia.


Dependendo dos seus outros objetivos (e outros passeios) na Chapada Diamantina você pode querer terminar o passeio em Vale do capão ou em Lençóis. Ex: se depois de visitar fumaça por Baixo você pretende fazer um passeio no Vale do Pati ou no Cachoeirão, é melhor terminar em Vale do Capão. Agora, se pretende descer para Ibicoara, talvez seja melhor terminar em Lençóis. De qualquer forma, o sentido mais famoso é o sentido Lençóis → Vale do Capão. (nós fizemos o sentido contrário).


Vamos aqui apresentar os detalhes pré e pós trilha partindo do pressuposto que você está em Salvador. E vamos falar no detalhe de como fazer a trilha no sentido Vale do Capão → Lençóis.


Comentaremos brevemente do sentido tradicional Lençóis → Vale do Capão também.


4.2.Linha de Tempo do Passeio
Nesta tabela você pode ver um resumo do passeio todo (logística + trilhas), tendo uma boa ideia de quanto tempo gasta nas atividades, nos atrativos, e quanto gasta em cada um deles.


A tabela é orientada por evento: um evento pode ser um descolamento, pode ser a trilha em si, pode ser o descanso no atrativo, enfim, qualquer coisa dentro do passeio que consuma tempo.


Dia
Horário
Tipo
Nome do Evento
dinheiro_mini.png
regua_mini.png
0
23:00 - 07:00
bus_min.png
Viagem Salvador → Palmeiras
R$67,36
451km
1
07:00 - 08:30
4x4_mini.png
Translado Palmeiras → Vale do Capão
R$10,00
13,4km
1
08:00 - 08:30
restaurant_mini.png
Café da manhã no centro de Vale do Capão

-
1
08:30 - 9:10
hiking_laranja_mini.png
Caminhada em estrada de terra até inicio da trilha

1,95km
1
9:10 - 11:00
hiking_trilha_mini.png
Trilha até alto da Cachoeira da Fumaça

5,04km
1
11:00 - 11:40
Montanha_min.png
Descanso no Alto da Cachoeira

-
1
11:40 - 16:00
hiking_trilha_mini.png
Trilha até a Toca dos Macacos (Camping 1)

4,15km
1
16:00 - 07:00
yoga_mini.png
Acomodação e Descanso na Toca dos Macacos

-
2
07:00 - 08:00
restaurant_mini.png
Café da Manhã e arrumação na Toca dos Macacos

-
2
08:00 - 9:45
hiking_trilha_mini.png
Trilha Ataque para Cachoeira da Fumaça (por baixo)

3,47km
2
09:45 - 12:00
cachoeira_min.png
Descanso na Cachoeira da Fumaça

-
2
12:00 - 13:45
hiking_trilha_mini.png
Trilha de volta do Ataque da Cachoeira da Fumaça para Toca dos Macacos

3,47km
2
13:45 - 14:30
restaurant_mini.png
Pequena pausa para refeição e pegar equipamentos

-
2
14:30 - 16:00
hiking_trilha_mini.png
Descida da Toca dos Macacos para a Toca da Capivara

2,18km
2
16:00 - 06:00
yoga_mini.png
Descanso e acomodação na Toca da Capivara

-
3
06:00 - 07:00
restaurant_mini.png
Café da manhã e arrumação na Toca da Capivara

-
3
07:00 - 08:00
cachoeira_min.png
Curtição na Cachoeira da Capivara

-
3
08:00 - 09:40
hiking_trilha_mini.png
Triha até Camping no Palmital e Cachoeira Palmital


3
09:40 - 10:40
cachoeira_min.png
Curtição na Cachoeira Palmital

-
3
10:40 - 15:30
hiking_trilha_mini.png
Trilha de Palmital até Ribeirão do Meio

6,65km
3
15:30 - 16:30
cachoeira_min.png
Curtição e descanso final em Ribeirão do Meio

-
3
16:30 - 18:00
hiking_trilha_mini.png
Trilha de Ribeirão do Meio a Lençóis

3,35
*Esta tabela é uma simulação, onde escolhemos a logística de nossa preferência e onde colocamos um tempo médio para os eventos.
*A duração dos eventos pode variar, dependendo das condições.
*(?) Dúvidas sobre esta tabela e seus ícones? Clique aqui


4.3.Resumão do Passeio
Tipo de Evento
relogio_mini.png
regua_mini.png
dificuldade_min.png
18h
31,03km
cachoeira_min.png
7h30min
-
yoga_mini.png
18h
-
Total
53h
31,03km
*As horas de lazer  / paradas, não incluem horas de sono (supondo 8h de sono por dia).
*(?) Dúvidas sobre esta tabela e seus ícones? Clique aqui


4.4.Tempo e Dinheiro no Passeio - Total
Colocamos os preços separados das outras informações, porque isso depende um pouco do que você vai decidir fazer na Chapada além da trilha Fumaça por Baixo.


Certamente você vai fazer outros passeios, pois ninguem fica (ou não deveria ficar, heheheh) só 3 dias em Chapada Diamantina. Então tenha em mente, o preço dito a seguir, é a ida e volta desde Salvador.  Não colocamos pontes aéreas pois esses preços são muito variáveis. FIca por sua conta somar esses valores.
Dia
Tipo
Item
dinheiro_mini.png
1
Aviao_mini.png
<Sua origem> → Salvador
[1]
1
bus_mini.png
Aeroporto → Rodoviária
R$3,00
1
restaurant_mini.png
Refeições na Rodoviária até de noite
R$25,00
1
bus_mini.png
Salvador → Palmeiras (Noturno)
R$67,36
2
jipe_min.png
Palmeiras → Vale do Capão
R$10,00
2
restaurant_mini.png
Café da Manhã em Vale do Capão
R$20,00
2,3 e 4
restaurant_mini.png
Refeições durante a trilha (2 cafés, 3 almoços, 3 jantas e lanches durante)
R$60,00
4
bus_mini.png
Lençóis → Salvador (noturno)
R$63,19
5
bus_mini.png
Rodoviária → Aeroporto
R$3,00
5
Aviao_mini.png
Salvador → <Sua Origem>
[1]
[1] - valor da passagem aérea. Como é muito variável, deixamos a conta com você.
*Se chegar em Salvador de noite, o preço aumentará  cerca de R$50,00, devido ao táxi do aeroporto até Rodoviária.
*Os ônibus noturnos de Salvador à Palmeiras e de Lençóis a Salvador te economizam duas diárias em abergue ou hotel. Se decidir pegar outro horário, lembre-se de adicionar as estadias em hoteis ou albergues.
*As colunas em amarelo são preços estimados que podem variar de acordo com sua alimentação.
Tempo Total para esta viagem, visitando apenas Fumaça por Baixo: 5 dias, no mínimo.
Gasto total, estimado:  R$251,55 + passagens aéreas ([1]).


4.5.Logística
A seção de logística explica como você chega no lugar onde a trilha se inicia. Basicamente: os translados (ônibus, táxi ou carro).


4.5.1.Breve Descrição
A seção de logística parte do pressuposto que você está na rodoviária de Salvador.


Três coisas com que você deve ser preocupar antes de ir para o início da trilha:


  1. Translado de Salvador até Palmeiras (cidade mais próxima de Vale do Capão que o ônibus vai)
  2. Translado de Palmeiras para Vale do Capão (Van)
  3. Estadia em Lençois e Vale do Capão  (se for alta temporada e/ou feriado).


E falaremos dessas 3 coisas nos sub-itens a seguir:


4.5.2.Trechos
Origem
Destino
Meio
regua_mini.png
dinheiro_mini.png
Horários de Saída da Origem
ampulheta_mini.png
Salvador
Palmeiras
bus_min.png
451km
R$67,36
7h
13h
17h
23h
8h
Palmeiras
Vale do Capão
jipe_min.png
13,4km
R$10,00

1h
Lençóis
Salvador
bus_min.png
418km
R$63,19
7h30min
13h15min
23h10min
23h30min
7h
*Cada combinação é um conjunto de trechos que juntos, possibilita a chegada até o ponto de apoio designado.
*Podem existir mais combinações possíveis, mas listamos as mais comuns/factíveis/viáveis.


Lembrete importante: Não se esqueça de calcular o tempo e o dinheiro gasto com o seu translado até a rodoviária de Salvador. Ex: se você chegou no aeroporto de Salvador terá que se descolar até a rodoviária. Se chegar de noite, por exemplo, terá que ir de táxi.


Há ônibus que leva do Aeroporto até a Rodoviária, mas só é viável se tiver chegado em Salvador durante o dia.


Breve Descrição dos Trechos
Salvador - Palmeiras
Mesmo se você for fazer o passeio no sentido tradicional (Lençóis → Capão) é este mesmo ônibus que vai pra lá. Saindo de Salvador, ele passa em Lençóis (para la) e depois segue para Palmeiras, passando pelo Norte da Chapada. A estrada é toda asfaltada e até a época de nosso passeio (abr/14) estava em ótimas condições. Se decidir pegar o horário de 23h e seu destino for Lençóis, lembre-se de reservar previamente o seu albergue antes de iniciar a viagem, pois vai chegar muito cedo em Lençóis (se tudo der certo, antes das 6h da manhã).


Horário: Sugerimos pegar o ônibus que sai as 23h, pois assim vai chegar cedinho em Palmeiras, pronto pra começar a trilha. A vantagem desse horário é que você economiza uma diária de hotel em Salvador. A desvantagem é que você vai estar um pouquinho quebrado da viagem, pois o ônibus é comum.


Outra sugestão é pegar um ônibus de manhã em Salvador, descansar o resto do dia em Palmeiras, jantar na cidadezinha e começar a trilha no outro dia bem cedo (foi esta opção que fizemos). Vantagem: fica mais descansado e conhece a cidadezinha de Vale do Capão. Desvantagem: gasta mais.


Palmeiras - Vale do Capão
Esse trecho você não compra adiantado porque é super no improviso. Assim que o ônibus provindo de Salvador chega a Palmeiras, ele para na pequeníssima rodoviária de Palmeiras. Do lado da vaga do ônibus estão vans esperando a chegada do ônibus para oferecer translado até Vale do Capão.
Situação da estrada


Lençóis - Salvador
Estrada de volta , mesmas condições de Salvador → Palmeiras.
O ônibus da volta não é muito pontual. Das duas vezes que o pegamos ele demorou um pouquinho pra passar.


4.6.Mapa
Legenda_trechos.png


5.Trilha
    (A seção de Trilha fala apenas dos trechos feitos a pé (ou seja, tiramos fora a logística do passeio))


5.1.Breve Descrição
É uma trilha difícil com bastante desnível presente em toda a extensão da trilha.  Certamente não é recomendada para iniciantes ou trilheiros sem GPS, exceto se houver um bom estudo prévio do mapa e excelente senso de direção. A trilha não é sinalizada mas está bem marcada. Existem trechos que são feitos sobre o leito do rio, trechos mais lentos. As saídas do leito do rio para  a trilha são pontos críticos que devem ser estudados com cautela. (fácil errar a saída).


  • O sentido Vale do Capão → Lençóis tem mais descidas que subidas.
  • A trilha está quase sempre regada de pontos de água para beber durante a trilha.


Dividimos a trilha em 3 dias, e cada dia em 2 ou 3 partes, por trechos, pra ficar mais fácil de entender cada trecho.


5.2.Ficha Técnica da trilha
Nível
Fumaça por Baixo
Atração Principal:
Cachoeira da Fumaça (base)
Dificuldade:  
dificuldade_min.pngdificuldade_min.pngdificuldade_min.pngdificuldade_min.pngdificuldade_min.png (Difícil)
Sombra na trilha
medio.png
Obstáculos / Dificuldade
nivel_mini2.png + regua_mini.png
Passagem por rio
Sim, sobre pedras.
Distância Total da Trilha
31,03km
Duração (da trilha, ida+ descanso + volta)
3 dias
Preço
Grátis
Elevação - ganho (total) - Subidas
1194m
Elevação - perda (total) - Descidas
1820m
Orientação
Cachoeira da Fumaça
Estado de Conservação da trilha
curtirMuito3.png
Sinalização da Trilha
descurtirMuito_min.png
Pontos de Água
curtirMuito3.pngcurtirMuito3.png
Tipo de Trilha
reversivel_mini.png
Precisa de Guia ou GPS?
Sim
*O destino não é contabilizado como ponto de água.
*O preço se refere apenas a parte da trilha (parque, propriedade particular, etc. Não inclui preço da logística).


5.3.Detalhes
Dividimos a trilha em 3 dias. E cada dia em 2 ou 3 partes.
O tempo total na caixinha verde (do dia) corresponde ao tempo total na ativa naquele dia, isso compreende a trilhas,as paradas e as paradas nos atrativos.
Já o tempo sugerido em cada parte é o tempo sugerido *apenas* para vencer aquele trecho de trilha. Não inclui as eventuais paradas em atrativos. (por isso a soma dos tempos das partes pode não corresponder ao tempo total na caixinha verde).
Dia 1 - de Vale do Capão à Fumaça Por Cima até Toca dos Macacos hiking_trilha_mini.png
Distância: 11,14km
Tempo Total (trilhas + paradas): 8h10min
Pontos de Parada “Obrigatórios” : Alto da Cachoeira da Fumaça
Parte 1.1.Saída de Vale do Capão e Subida à Fumaça Por Cima hiking_laranja_mini.pngfoto_mini.png
Distância: 6,99km
Tempo Sugerido: 3h  (+40min parado no alto da cachoeira)
Gráfico de Elevação:



Dependendo de onde você está em Vale do Capão, esta distância pode aumentar um pouco. Pra começar a trilha pergunte a alguém da aldeia por onde deve seguir. Praticamente qualquer pessoa vai saber te dar a indicação.


A trilha já começa em subida e você vai pegar estrada de terra. Em dado instante você vai ver uma placa de guias e deve virar a direita, onde está a Portaria do Parque.


Além dessa bifurcação a direita não há nada mais de relevante sobre esse início.


Chegando à portaria, você tem que parar obrigatoriamente para assinar seu nome na folha de trilheiros - é o controle do parque. Lá eles te dão breves recomendações, mas não é nada demorado. Dá pra fazer tudo em 5 minutos e seguir viagem. Lembrando, que não é preciso pagar nada, a entrada é grátis. Não é obrigatório ter guia. Apenas escrever o nome é obrigatório.


Passada a portaria, é só seguir a trilha muito batida subindo montanha. Como a parte de cima da Cachoeira é muito visitada em passeios de bate volta, essa parte da trilha é muito batida e sem erros. É só seguir até o alto da montanha.


Trata-se de uma boa subida, e com nada de sombra, então pode cansar um pouquinho. Mas é só o começo. Força!


Apesar de ser uma subidinha considerável, só 1,51km são dessa sub-parte. Os últimos 4km são planos, então essa primeira parte é relativamente tranquila.


Ponto importante a se considerar é que a segunda parte deste primeiro dia começa a descer, mas essa descida se inicia um pouco antes do mirante da Cachoeira. Se você estiver com pouco tempo, pode cortar a vista do mirante. É claro que isso é uma perda muito grande, pois a vista é incrível, só sugerimos se não tiver outra escolha. É porque se vc for no mirante você vai gastar NO MINIMO uns 20 minutos la. Sèrio. Vc não vai conseguir ir la ficar 30 segundos e ir embora, porque é bonito demais.


Parte 1.2.Serra dos Macacos hiking_trilha_mini.png
  Descida de Fumaça por Cima á Toca dos Macacos
Distância: 4,15km
Tempo Sugerido: 4h30min
Gráfico de Elevação:

Da bifurcação para começar a segunda parte até o mirante são só 300 metros, a questão é que lá é tão bonito que voce demoraria é curtindo a paisagem, não é por causa da distância.


A única parte a ter atenção nesta parte da trilha é a bifurcação para começar a descer montanha. ELa não está é muito evidente e não há placas. Tem trilha bem marcada, mas é fácil passar batido pela entrada. Se estiver sem GPS, enquanto estiver indo em direção ao Mirante, atente para uma entrada a sua direita. (caso vá ao mirante, volte uns 300 metros e fique atento à bifurcação a sua esquerda).


Após encontrada a bifurcação, vá seguindo a trilha. Durante a descida você vai mais ou menos seguindo o rio. Beem ,mais ou menos, Porque a descida é ingreme e o rio é tortuoso, vc vai na verdade cruzando com ele muitas vezes. E esses trechos pode ficar um pouco confusos por onde prosseguir. Sempre desça.  


Dois pontos que são importantes de serem citados nesta descida: O Santuário: prieiro ponto “bom” pra dar um folego rapido. Tem sombra e água.


E a bica d’água, bem visível. cai água e tem sombra. ÓTimo lugar pra pegar o folego final para o fim da ddescida. Neste ponto você já vai estar bem cansado.


Nesta parte o GPS vai fazer diferença.


Dia 2 - Ataque a Fumaça por Baixo e Toca da Capivarahiking_laranja_mini.png
Distância Total do dia: 9,12km
Tempo Total (trilhas + paradas nos atrativos): 9h
Pontos de Parada “Obrigatórios” : Cachoeira da Fumaça (baixo) e Cachoeira Capivara.


Parte 2.1.Ataque à Fumaça (ida e volta)hiking_laranja_mini.pngcachoeira_min.png
Distância: 3,47km + 3,47km
Tempo Sugerido (ida + volta): 3h30min  (+2h paradas na cachoeira)
Gráfico de Elevação:

Este trecho é uma das partes mais lentas da trilha inteira, porque é feita quase que sobre o leito do rio. 
Esse “quase” é porque existe sim uma trilha que fica bem ao ladinho do leito do rio que vai facilitar MUITO A SUA VIDA. A questão é que para os desavisados essa trilha lateral é muito dificil de ser vista e pode facilmente passar batida. Nesse caso, é muito fácil achar que o caminho é por sobre as pedras em cima do leito do rio e se conformar com a baixa velocidade.


Não se engane: procure pela trilha lateral, a sua performance com ela vai ser MUITO MELHOR. Essa trilha lateral é quase em cima do leito do rio mesmo, também não vai empolgar e achar que é super longe do leito do rio.


Essa dica é muito valiosa pois mesmo com GPS, essa trilha não é facilmente achável. Só tendo lido essa informação é que você saberia de sua existência. Lucky you (que você leu até aqui :)
Dependendo da hora que você voltar para a Toca dos Macacos você pode tomar uma importante decisão: ir e parar em Capivara ou ir direto para Palmital. É uma decisão dificil e depende da hora que você for sair da Toca dos Macacos.


Parte 2.2.Trecho da Frustração hiking_laranja_mini.pngcachoeira_min.png
  Descida de Toca dos Macacos à Toca da Capivara
Distância: 2,18km
Tempo sugerido: 1h30min
Gráfico de Elevação:

Nós saímos mais ou menos as 15h da Toca dos Macacos, e não deu tempo de ir até Palmital, paramos em Capivara. Caso queira ir direto pra Palmital, considere que deve sair no máximo, estourando, as 14h da Toca dos Macacos.  Porém, nessa decisão você perde um bom atrativo que é a Cachoeira da Capivara (vai passar vazado por ela).


Vantagens de dormir em Capivara: vai ter mais tempo para aproveitar a Fumaça por Baixo e a Cachoeira da Capivara no começo do terceiro dia.
Desvantagens: A Toca da Capivara é um refugio de improviso, pode ser perigoso em caso de tromba d’água e vai faltar mais distancia pra vencer no terceiro dia.


Nossa sugestão: Vá mais devagar no segundo dia, para aproveitar a Fumaça por baixo mais tempo. e Para aproveitar a Capivara no começo do terceiro dia.


Sobre o trecho Toca dos Macacos à Toca da Capivara:
Sem sombra de dúvidas este é o trecho mais lento da trilha inteira. Não é difícil, mas não tem trilha. É feito sobre o leito do rio e não tem trilhas laterais para ajudar muito. As vezes uma trilha se inicia mas ela logo acaba, sempre forçando que você volte ao leito do rio para pular de pedra em pedra.


Apesar da pequena distância desse trecho, a sua velocidade aqui vai ser bem baixa.


Não tem erro. Como é sobre o leito do rio, é só seguir reto até chegar à Toca da Capivara.


Dia 3 - Cachoeira Palmital, Toca da Onça, Serra do Veneno, Ribeirão do Meio até Lençóis hiking_laranja_mini.png
Distância: 10,77km
Tempo Total (trilhas + paradas): 9h10min
Pontos de Parada “Obrigatórios” : Cachoeira Capivara, Cachoeira Palmital, Toca da Onça


Parte 3.1.Trecho das Águashiking_amarelo_mini.pngcachoeira_min.png
  De Toca da Capivara até Camping Palmital
Distância: 730m
Tempo sugerido: 40min (+1h parada na cachoeira Capivara + 1h parada na cachoeira Palmital)
Gráfico de Elevação:

Partimos do pressuposto que você dormiu em Capivara. Aproveite bem cedinho a Cachoeira Capivara, mas não demore demais pois o terceiro dia é longo, apesar de não muito dificil.


A saída de Capivara continua do mesmo jeito que o fim do segundo dia, pelo leito do rio, bem lento e sem trilhas. O GPS é muito importante nesta parte, pois a saída do leito do rio para a lateral esquerda da montanha não é visível. Pra quem não tem GPS: tem algumas setas desenhadas nas pedras, mas estão fracas e são bem dificeis de serem detectadas, pois o leito do rio é largo. É dificil estar na posição certa para vê-las.


Fique de olho no GPS, são só 280m da Toca da Capivara até sair do leito do rio, fique atento!!!
(Os outros 500m são de subida até Palmital).


Este ponto é crítico, e é quando você sai do leito do rio, voltando a uma trilha ,de fato.
Ao sair do rio você vai enfrentar uma subida, íngreme, mas não é complicada. Este trecho possui certo mato alto até, mas a trilha está bem marcada.


Esta parte tem algumas pequenas bifurcações que podem confundir. é bom ficar de olho no GPS. Desconfiamos que essas pequenas bifurcações acabam sempre se encontrando, mas nós não checamos isso. Então por desencargo, vide GPS de pouco a pouco.


A subida até o Camping Palmital é de apenas 450m. É rápido. Lá em cima, você vai cruzar com o rio e chega, então, a mais um ponto crítico. A saída de Palmital é dificil de enxergar. Sem dúvidas, esse pode ser o ponto mais dificil de encontrar caso você esteja sem GPS.


Parte 3.2.Do Camping Palmital, passando pela Toca da Onça, descendo ao Rio do Mosquito e subindo a Serra do Venenohiking_amarelo_mini.pngfoto_mini.pngrio_mini.png
Distância: 2,75km
Tempo sugerido: 3h
Gráfico de Elevação:
De Capivara à Toca da Onça



do Rio do Mosquito até o topo da Serra do Veneno

Esta parte é a mais rápida da trilha. Com poucas subidas, e as que tem, não são dificeis nem muito íngremes. Aproveite para dar um gás nesta parte da trilha.


Saindo de Palmital, a trilha seguem com mato alto, e algumas bifurcações, mas bem tranquila, no geral. Existe um ponto importante de ser citado, que ocorre entre Palmital e a Toca da Onça. É um ponto onde é preciso fazer uma escalada básica numa pedra. Não precisa de corda nem de experiencia. Mas precisa subir com cuidado. É muito importante dizer que caso você esteja sozinho, pode ter dificuldades de subir esta parte. é porque é muito improvável que consiga fazê-lo com a mochila nas costas. Nós só conseguimos, um subindo sem mochila. Depois o que ficou embaixo deu as mochilas pro de cima, e depois o segundo subiu sem mochila.
Caso vá fazer sozinho, esta parte pode oferecer um bom obstáculo pra você.


Cuidado nesta parte.


Após essa escamalinhada a subida praticamente acaba e você vai direto para a Toca da Onça.
A Toca da Onça é apenas um ponto de apoio, uma grande pedra que dá sombra e uma incrível visão dos rios, onde você pode checar muito do que já passou.


Nós infelizmente passamos muito rápido por esse ponto, mas sugerimos que descanse um pouco aqui e tire bastante fotos para preparar para a Serra do Veneno, que não é o mais terrível da trilha, mas vai exigir ainda por faltar uma boa distância até o fim.


Após a Toca da Onça, segue-se tranquilamente pela trilha, descendo de forma amena até o Rio do Mosquito. (Vale da Muriçoca)


O rio do Mosquito (ou vale do Muriçoca) é um rio muito bonito com muito verde, ótimo ponto pra recarregar garrafas e molhar para começar a subir a Serra. Só fique de olho nos mosquitos. O nome do rio não é a toa ;)

De subida só restam mais 900m, saindo do Rio do Mosquito e subindo a Serra do Veneno. A subida não é dificil e a trilha é bem marcada, siga em frente.


O último trecho importante e simbólico  desta parte é a curva da serra onde a subida acaba. Esse trecho é simbolico pois é onde a vegetação da trilha muda completamente e onde logo logo a descida vai se iniciar.


Parte 3.3.Descida da Serra do Veneno, chegada a Ribeirão do Meio, depois até a cidade de Lençoishiking_laranja_mini.pngcachoeira_min.png
Distância:  7,31km
Tempo sugerido: 3h30min
Gráfico de Elevação:
Descida da Serra do Veneno até Ribeirão do Meio

De Ribeirão do Meio até Lençóis

Você já pode se considerar um campeão, pois a trilha quase termina. Agora é só descida. Mas não entregue os pontos, pois ainda faltam 7,31km. Por outro lado, a descida é fácil, e dá pra ir num ritmo muito bom.


Mesmo sem GPS e sem muita vegetação para demarcar a trilha (agora a trilha fica praticamente sobre pedras), mas as pedras estão bem batidas, então é fácil seguir o caminho correto mesmo sem GPS.


Achamos um ponto crítico apenas nos 300 metros antes de chegar em Ribeirão do Meio. Esse ponto fica confuso e a trilha se perde. Fique de olho no GPS nesse ponto. Se não tiver gps, lembre-se que a trilha não é cabulosa. Se estiver descendo e estiver cabuloso demais, pode saber que algo está errado. Volte e tente de novo por outro lado.


Depois de chegar no leito do Ribeirão do Meio (você vai chegar em cima da cachoeira) , você deve atravessar as pedras até o outro lado do rio. É pelo outro lado que você desce até a base de Ribeirão do Meio. Descarregue tudo, compre uma coca-cola na base e relaxe (se tiver tempo sobrando).


De Ribeirão do Meio à Lençóis são 3,35km. Trilha fácil e bem marcada, sem erro. Só seguir.


5.4.Tabela DTED: (distância-tempo-elevação-dificuldade) - por parte
Esta tabela é bem parecida a tabela de linha do tempo, mas ela é mais focada nos trechos das trilhas.
Além disso ela mostra as informações de elevações ganhas (subidas) , elevações perdidas  (descidas) dificuldade e velocidade média de cada trecho.
Dia
Parte
dificuldade_min.png (Nível)
relogio_mini.png
regua_mini.png
Vel.
Média
desnivel_mini.png(m)
nivel_mini2.png(m)
1
1.1.Alto da Fumaça
hiking_laranja_mini.png
3h
6,99km
2,33km/h
453m
98m
1
1.2.Descida de Macaco
hiking_trilha_mini.png
4h30min
4,15km
1,18km/h
54m
646m
2
2.1.Ataque a Fumaça
hiking_laranja_mini.png
1h45min
+
1h45min
3,52km
+
3,52km
2km/h
360m
360m
2
2.2.Até Toca da Capivara
hiking_laranja_mini.png
1h30min
2,18km
1,45km/h
60m
120m
3
3.1.Até Camping Palmital
hiking_amarelo_mini.png
40min
0,73km
1,10km/h
150m
30m
3
3.2.Palmital até Serra do Veneno
hiking_amarelo_mini.png
3h
2,71km
0,90km/h
250m
180m
3
3.3.Descida Serra do veneno e Ribeirão do Meio até Lençóis
hiking_laranja_mini.png
3h30min
7,31
2,08km/h
30m
460m

Total
hiking_trilha_mini.png (Difícil)
19h40min
31,47
1,73km/h
1357m
1894m
*A tabela DTED mostra as distâncias, tempos, elevações (perdas e ganhos) e dificuldades de cada trecho da trilha.
*As partes são definidas por convenção. Não existe divisão real entre elas.
*Os pontos inicial e final estão marcados no mapa disponibilizado neste post.
*O tempo apontado é sugerido.Pode variar de acordo com as condições.
*O tempo mostrado não compreendem as paradas em: Alto da Cachoeira da Fumaça, Base da Cachoeira da Fumaça, Cachoeira da Capivara. outras paradas de descanso são contabilizadas nos tempos e velocidades médias.


hiking_amarelo_mini.png = fácil, hiking_laranja_mini.png = médio, hiking_trilha_mini.png = difícil


5.5.Pontos de Referência
A tabela a seguir mostra os principais pontos da trilha, mostrando em qual quilometragem ocorrem e se é um ponto sugestão de parada (marcados com o check_mini.png).
Também incluímos uma valiosa coluna onde indicamos o horário-meta pra você passar em tal ponto. É claro que se trata de um horário sugerido, horário de referência. Encare-os como “check-points”. Pode, por exemplo levar alguns checkpoints estratégicos para saber como está se saindo na trilha.


Ponto
Tipo
yoga_mini.png
regua_mini.png
ampulheta_mini.png
Observação
Vale do Capão (Centro)


0km
08:00

Associação dos Condutores


0,95km
08:30
Fim da estrada de terra, virar a direita na trilha.
Entrada do Parque (Início da Trilha)
police_mini.png

1,00km
08:40
Parada Obrigatoria para fazer cadastro.
Bifurcação Fumaça por Baixo / Fumaça por Cima
bifurcacao_mini.png

5,72km
10:20
Sem placas, a entrada é a direita. Reto vai para o mirante de Fumaça por cima.
Fumaça por Cima
foto_mini.png
check_mini.png
6,03km
10:30
Mirante de Fumaça por Cima
Bifurcação Fumaça por Baixo / Fumaça por Cima
bifurcacao_mini.png

6,34km
11:30
É preciso voltar até esta bifurcação para continuar a trilha.
Ponto de Água
gota_mini.png

7,31km
11:50
Não muito bom pra parar. Mas tem água aqui.
Santuário (sombra e água fresca)
gota_mini.png
check_mini.png
7,54km
12:10
Recomendado para para. Sombra e água fresca.
Bica D´água
gota_mini.png
check_mini.png
9,49km
14:10
Ótimo lugar para pegar último fôlego para parte final da descida. Aqui tem bastante sombra e água caindo do paredão.
Ponto Crítico - Pedra Confusa
quad_mini.png

9,79km
15:00
Atenção a direita.
Toca do Macaco (Fim primeiro dia)
camping_mini.png
check_mini.png
10,47km
15:30
Primeiro ponto para pernoite. Bom espaço, água próxima, melhor local para deixar as coisas antes de atacar a Cachoeira Fumaça por baixo.
Fumaça por Baixo
cachoeira_min.png
check_mini.png
13,92km
10:00
Estrela principal do passeio. Se programe pra ficar pelo menos 2h aqui.
Toca do Macaco
gota_mini.png
check_mini.png
17,37km
14:30
Depois de visitar a Toca dos Macacos, vale uma breve parada aqui para encarar o resto do dia.
Toca da Capivara (Fim segundo dia)
camping_mini.png
check_mini.png
19,55
17:00
Ponto de apoio para dormir. É sobre o leito do rio, em cima da Cachoeira Capivara, sobre pedras.. Pode ser perigoso em dia de chuva. Foto - clique aqui
Cachoeira  Capivara
cachoeira_min.png
check_mini.png
19,60km
07:00
Cachoeira Capivara, com uma vazão grande de água e um ótimo poço. Sugerimos reservar NO MINIMO 1h para esta cachoeira. Acorde cedo!
Ponto Crítico - Saída do Rio Capivara
quad_mini.png

19,83km
08:00
Saída meio apagada e difícil de ver. Não há placas. Pode haver algumas setinhas desenhadas em pedras para ajudar, mas são dificeis de ver também. Ficar atento para não passar direto e continuar descendo o leito do rio erradamente.
Cachoeira Sem Nome
gota_mini.png

19,93km
08:05
Quedinha sem nome. Ponto fora da trilha, mas bom pra pegar água rapidamente, se for o caso.
Camping Palmital
camping_mini.png
check_mini.png
20,16km
08:40
Camping mais tradicional para parar no segundo dia. Parecido à Toca dos Macacos. Fica bem próximo a Cachoeira Palmital
Cachoeira Palmital
cachoeira_min.png

20,36km
09:00
Nós não visitamos esta cachoeira porque ficamos com medo de não conseguir terminar a trilha. Se você conseguir bater as metas, dá tempo tranquilo.
Ponto Crítico - Saída de Palmital
quad_mini.png

20,56km
10:00
Assim como a saída do Rio Capivara, a saída da área de Palmital é bem escondida e bem dificíl de ver. Este pode ser o pior ponto para quem estiver sem GPS. Há riscos de se perder e não conseguir achar o ponto. Há setas em pedras, mas estão fracamente marcadas.
Escalaminhada
ricks_mini.png

21,16km
10:30
Este ponto é o ponto mais difícil de transpor. Existe um paredão de uns 3 metros de altura, com muitas agarras e com tranquilidade dá pra subir fácil, mas pra quem estiver sozinho, passar com a cargueira pode complicar bastante.
Toca da Onça
foto_mini.png
check_mini.png
21,68km
11:00
Parada tradicional do passeio. Excelente vista dos rios e das montanhas de uma boa parte da trilha. Recomendado lugar para uma parada para recuperar energias. Não há água neste ponto, entretanto.
Rio do Mosquito
rio_mini.png
check_mini.png
22,37km
12:00
Belo local. Rio com muito verde e árvores e dá pra dar uma moladinha básica. Só cuidado pra não perder a noção do tempo, porque o local chama!
Área de Pedras


22,67km
13:00
Local onde a paisagem começa a mudar. Menos mato e mais pedras sinalizam o começo do fim.
Atenção para a iminente curva na montanha que vai simbolizar início da descida.
Ponto de Água
gota_mini.png

22,77km
13:02
Ponto de água de apoio, se necessário.
Início da Descida


23,22km
13:15
Você acabou de fazer a curva na montanha. Hora de descer até o fim.
Ponto de Água (Fraco)
gota_mini.png

23,65km
13:25
Ponto de água de apoio, se necessário. Não é o melhor dos pontos, mas é bom saber que existe.
Ponto de Água (com sombra)
gota_mini.png
check_mini.png
24,02km
13:35
Mais um ponto de água, melhor que o anterior. Nós almoçamos aqui, pois tinha uma bela árvore com sombra e uma fonte de água. A água tinha um pouco de gosto, entretanto. Mas não passamos mal ;)
Pedrão (Acesso à Casa Abandonada)
bifurcacao_mini.png

24,19km
14:10
Aqui há uma grande pedra e essa pedra está próxima a uma casa abandonada. Nós não fomos até a casa, que está bem próxima deste ponto, mas conseguimo avistá-la. Nós tinhamos contado com essa casa para caso tudo desse errado, dormir lá. Também tinhamos pretendido almoçar aqui (se tudo desse certo), mas o ponto anterior esteve bom e nos atendeu, por isso não visitamos a casa.
Ponto Crítico - Saída para Ribeirão do Meio
quad_mini.png

26,83km
15:30
Quase toda a descida da Serra do Veneno é facil, inclusive sem GPS, pois as pedras estão bem batidas. Porém, nos perdemos um pouco neste ponto, onde não ficou claro por onde seguir (e nosso GPS tinha dado pau). Atentar às setas e a um caminho factível. Se estiver em algum ponto “cabuloso”, volte, porque não é aí.
Ribeirão do Meio
cachoeira_min.png
check_mini.png
27,18km
15:50
Prêmio Final - Ribeirão do Meio, para descansar os pés, dar um belo nado e, se ainda tiver forças, descer o tobogã natural.
Lençóis
hotel_mini.png
check_mini.png
30,53km
18:00
Fim. =D
*A tabela pontos de refêrencia mostra os pontos que nós marcamos e achamos que são boas referências para você se guiar durante a trilha.
*A distância em km é cumulativa, isto é, a quilometragem atribuída a um ponto mostra quantos km você andou, até então, na trilha, ao chegar em tal ponto.
*Linhas amarelas significam parte de “volta” de certo trecho. Ex: O ataque a Fumaça por baixo vc anda até a base e depois volta pelo mesmo caminho até a Toca dos Macacos.


5.6.Pontos de Referência por Tema


5.6.1.Pontos Atrativos
Lista com os pontos dos atrativos principais que ocorrem durante a trilha. Damos também uma sugestão de tempo de estadia em cada um deles.
Ponto
Dia
regua_mini.png
Tempo Sugerido de Estadia
foto_mini.png Fumaça por Cima
1
6,03km
40min
cachoeira_min.pngFumaça por Baixo
2
13,92km
2h
cachoeira_min.pngCachoeira  Capivara
2/3
19,60km
1h30min
cachoeira_min.pngCachoeira Palmital
3
20,36km
1h
foto_mini.pngToca da Onça
3
21,68km
20min
rio_mini.pngRio do Mosquito
3
22,37km
30min
cachoeira_min.pngRibeirão do Meio
3
27,18km
1h30min


5.6.2Pontos de Parada para Pernoite
Os pontos de parada para pernoite é onde você vai dormir. Existe 1 ponto apenas para passar do primeiro ao segundo dia. Do segundo ao terceiro existem duas opções. Qual deles escolher depende das condições e tempos de sua trilha, pode ser que você tenha que decidir na hora.
O último ponto de parada é apenas para eventuais emergências. Se não conseguir terminar o terceiro dia em Lençóis, é possível parar nele, pra terminar no quarto dia.
Ponto
Dia
regua_mini.png
Próximo a água?
Solo bom para fincar estacas?
Sombra

camping_mini.pngToca do Macaco
star_mini.pngstar_mini.pngstar_mini.pngstar_mini.pngstar_mini.png
1
10,47km
check_mini.png
check_mini.png
check_mini.png
Excelente abrigo. Serve como área de camping fazendo a trilha nos dois sentidos.
Área grande pra umas 15 barracas,água próxima, sombra total sobre a área.  
camping_mini.pngToca da Capivara
star_mini.pngstar_mini.pngstar_mini.png
2
19,55
check_mini.png


Abrigo de emergência. Na verdade é o sobre o leito do rio, num local onde tem umas pedras bem grandes e cabe bastante gente. Não dá pra fincar estacas. Em dia onde ameaça chover não é recomendado.
Apesar de o mais rústico, o visual aqui é incrível!
camping_mini.pngCamping Palmital
star_mini.pngstar_mini.pngstar_mini.pngstar_mini.png
2
20,16km
check_mini.png
check_mini.png
check_mini.png
Excelente abrigo. O mais tradicional também. Alternativa a Toca da Capivara. Tem sombra e bom para fincar estacas. Tambem fica do lado da água.
camping_mini.pngCasa Abandonada
star_mini.pngstar_mini.png
3
24,19km
check_mini.png


Alternativa de emergência pra quem não conseguir completar a trilha no terceiro dia. Dá pra dormir ali, relativamente perto da água. FIca em cima da montanha.


5.6.3.Pontos Críticos
Aqui, destacamos os pontos críticos que podem ser mais dificeis de achar. É fácil se perder aqui, então, atenção.
Ponto
Dia
regua_mini.png
Localização - Dificuldade
quad_mini.pngPedra Confusa
1
9,79km
No primeiro dia, Pedra na descida da Montanha dos Macacos, um pouco antes de chegar à Toca dos Macacos. A trilha se perde aqui.
quad_mini.pngSaída do Rio Capivara
3
19,83km
No terceiro dia, em direção à Cachoeira Palmital.
A saída do leito do rio é pouco visível. Fácil errar e containur descendo o rio.
quad_mini.pngSaída de Palmital
3
20,56km
No meio do terceiro dia, mais uma saída de leito de rio pouco visível. Pode ser difícil achar este ponto. Consideramos o mais difícil de se achar sem GPS da trilha.
ricks_mini.pngEscalaminhada
3
21,16km
No terceiro dia
quad_mini.pngPonto Crítico - Saída para Ribeirão do Meio
3
26,83km
Fim do terceiro dia, ponto onde o mato do Ribeirão do Meio começa a aparecer e confunde a conclusão da trilha em meio as pedras.
*Lembrar que a criticidade destes pontos são relacionadas à direção feita da trilha, Vale do Capão → Lençóis. Criticidades podem mudar se o caminho for feito do lado contrário.


6.Glossário - Desambiguação
  • Rio do Mosquito ou Vale do Muriçoca ou Rio do Muriçoca. Todos são o mesmo ponto.
  • Não confuda a Cachoeira Capivara com a Capivari. A Capivari fica até próxima da Capivara, mas fora da trilha da Fumaça.


7.Placar das Atrações
Quesito
Fumaça
Capivara
Palmital
Ribeirão do Meio
Altura
450m
6m
?
-
Tem trilha para o topo da queda?
Sim
Sim
?
Sim
Queda livre ou Corredeira?
Livre
Livre
Livre
Corredeira
Ficabilidade debaixo da Queda
descurtirMuito_min.png
curtirMuito3.pngcurtirMuito3.png
?
descurtirMuito_min.png
Vazão de  Água na Cachoeira
Pode inclusive estar totalmente seco.
star_mini.pngstar_mini.pngstar_mini.png
star_mini.pngstar_mini.png (pelo que vimos em fotos)
star_mini.pngstar_mini.png
Ficabilidade no Local
curtirMuito3.pngcurtirMuito3.png
curtirMuito3.pngcurtirMuito3.png
?
curtirMuito3.pngcurtirMuito3.png
Farofabilidade do Local
Baixíssimo
Baixíssimo
Baixíssimo
Alto
Comprimento x Largura do Poço
40mx25m
35mx35m
?
30mx30m
Profundidade do Poço
Não muito fundo
Profundo
?
Fundo
Nadabilidade
curtirMuito3.png
curtirMuito3.pngcurtirMuito3.png
?
curtirMuito3.pngcurtirMuito3.png
Pulabilidade
medio.png
curtirMuito3.pngcurtirMuito3.png
?
curtirMuito3.pngcurtirMuito3.png
Solo do Poço
Pedras
Pedras
?
Pedras
Nota
star_mini.pngstar_mini.pngstar_mini.png
star_mini.pngstar_mini.pngstar_mini.png
?
star_mini.pngstar_mini.png
*Medida da altura confiável (baixo índice de erro)
*Dimensões do poço medido por aproximação, (Largura x Comprimento x Profundidade).
*Nós não conhecemos a Cachoeira Palmital pra poder opinar.
*A nota tem questões subjetivas também. De 0 a 3 estrelas.


8.Análise do Sentido da Trilha
 (por Lençóis ou por Vale do Capão?)
Nesta tabela fazemos uma análise dos critérios que achamos que mais devem ser considerados na hora de decidir se você vai fazer a trilha partindo de Lençóis ou se partindo de Vale do Capão.


Para cada critério damos um vencedor, colocando o ícone check_mini.png para simbolizar. Alguns critérios não tiveram vencedor, e ficam sem o ícone.
Quesito
Sentido Lençóis → Vale do Capão (o mais tradicional)
Sentido Vale do Capão → Lençóis
O que tem mais subida?
Este sobe mais.
check_mini.pngEste sobe menos.
Melhor sequencia de atrativos
check_mini.pngO fato de neste sentido a Fumaça ficar por último (dentre todas as cachoeiras da trilha) faz este sentido ganhar, talvez por isso ele seja o mais tradicional
Apesar de Fumaça ser a primeira visitada, você vai com muito mais gás pra ela (começo do segundo dia), ao invés de ir no fim do segundo dia (como acontece partindo de Lençóis). Vai ter mais tempo pra ela.
Serra do Macaco
Aqui sobe.desnivel_mini.png
Aqui desce. Mas não sabemos dizer se descer é melhor que subir não. É tão dificil quanto.nivel_mini2.png
Serra do Veneno
Aqui sobe. Costumam dizer que é difícildesnivel_mini.png
check_mini.pngAqui desce. E foi moleza.nivel_mini2.png
Primeiro Dia
O baque do primeiro dia é a subida da Veneno, que vai tirar muito fôlego do segundo dia.
O baque do primeiro dia é a descida de Macaco, que não vai tirar o fôlego, mas vai castigar as pernas já no primeiro dia, dando um possível fadiga aos músculos.
Segundo Dia
Começa em Palmital ou Capivara, muita subida até Fumaça.
check_mini.pngComeça em Toca dos Macacos obrigatoriamente. Segundo dia começa mais fácil do que no sentido Lençóis → Vale do Capão.
Terceiro Dia
A Subida dos Macacos é um castigo final para este dia. E termina “no seco”, no topo de Fumaça.
check_mini.pngÉ o dia mais fácil dos 3. Tem subidas, mas nada comparadado aos 2 primeiros dias. Termina no Ribeirão do Meio, “prêmio de participação” excelente.
Cachoeira Capivara
Parece que nesse sentido essa cachoeira passa meio que batido, porque a Toca da capivara em geral não é parada no primeiro dia.
check_mini.pngParece que a sequencia ajuda a dar mais valor a esta cachoeira no fim do segundo dia e começo do terceiro dia.
Escalaminhada pós Palmital
check_mini.pngDescer barranco de 3 metros. Se você estiver sozinho, este ponto é crucial. É melhor jogar a mochila e descer o barranco do que ter que subi-lo sozinho.
Subir barranco de 3 metros. Se estiver sozinho, isto pode ser um problema dor de cabeça.
Pontos Críticos de Saída de Leitos do Rios
2 pontos: Saída de Palmital em direção à Rio Capivara e Saída do Rio Capivara para entrar na Trilha dos Macacos em direção ao Topo da Fumaça.
2 ponto também: Saída do Rio Capivara para subir a trilha para Cachoeira Palmital e saída de Palmital em direção à Toca da Onça.
Vencedor

star_mini.png


9.FAQ
Se eu for em alta temporada não tem risco de os campings estarem lotados e eu não ter lugar pra montar a minha barraca?
Olha, nós ficamos com esse medo também, mas a príncipio isso não é um risco. Apesar de a trilha ser muito famosa, não são muitas pessoas que a fazem. Nós fomos em um feriadão (Semana Santa) e ficamos nos campings nos dias mais famosos (Sexta e sabado da semana santa) e encontramos pouquissimas pessoas durante a trilha.  Em Toca dos Macacos ficamos sozinhos. Em Capivara encontramos um grupo de 6 pessoas, ainda assim estava bem tranquilo. Em Palmital não encontramos ninguem.


Não é obrigatório fazer essa trilha com Guia?
Não. A trilha é grátis e livre.


Então fazer sem guia é tranquilo?
A trilha é livre. Porém, não é sinalizada. Nós cruzamos com pessoas que estavam fazendo a trilha sem GPS, mas não recomendamos sem GPS. Sem GPS é possível se perder.


10.Dicas
  • No trecho de ataque à Cachoeira da Fumaça, existe trilha que margeia o leito do rio. Procure-a! Mesmo com GPS em mãos pode ser que ele não te mostre essa trilha. Procure-a enquanto começa no leito do rio, fazendo zigue-zagues, pois assim vai poupar bastante tempo.
  • Reserve um tempo para curtir a Cachoeira da Capivara. Quase ninguem fala dessa reliquia, não sei porque. É uma cachoeira com uma vazão bem grande e com um poço ótimo.
  • Cuidado no cálculo das pernadas. Os trechos sobre o leito do rio são bem lentos.
  • Avalie bem os pontos críticos da trilha, principalmente se estiver sem GPS.


11.Downloads


12.Fontes e Referências
Relatos no Mochileiros.com:


13.Relato, Fotos e Vídeos
Fumaça por baixo - A trilha que separa os homens dos meninos


Essa trilha já estava na minha lista desde que tinha ido pela primeira vez na Chapada Diamantina.
Eu já havia ido a Lençóis, mas como não conhecia nada da Chapada ainda (e não estava completamente preparado para encarar trilhas de mais de um dia) na primeira vez que estive lá fiz trilhas simples, de apenas 1 dia.


Quase um ano depois, eu estava com o equipamento pronto e preparado psicologicamente para encarar esses desafio. Li alguns relatos na internet e estudei pontos que pareciam ser mais críticos. Verifiquei com cautela o track que consegui na internet e joguei no GPS.


Devido a problemas na logística, aconteceu que, meio em cima da hora, eu tive que inverter a ordem da travessia. O mais comum é que a travessia de Fumaça por Baixo seja feita iniciando-se por Lençóis e finalizando em Vale do Capão. Procurei por relatos de pessoas que tivessem feito a ordem inversa (terminando em Lençóis) mas não encontrei.


Isso fez com que temesse um pouco a dificuldade da trilha. Se uma travessia é feita prioritamente em um determinado sentido, é porque tem uma razão. E uma das razões poderia ser que no sentido Vale do Capão-Lençóis a dificuldade seria maior. Mas eu não tinha escolha. Eu só poderia fazer nesse sentido. Então anotei bem os pontos críticos e fomos, eu e Paulo, em direção a Palmeiras, na Chapada Diamantina.


Só tem ônibus até Palmeiras (desde Salvador - é a mesma linha que leva a Lençóis. O ônibus para em Lençóis e depois segue para Palmeiras [+1h de viagem]).  Em Palmeiras há vans ao lado da rodoviária aguardando os viajantes. É porque a maioria dos viajantes que desce ali tem como destino Vale do Capão. Pegamos, então, a van e descemos, no fim do dia para Vale do Capão.


Vilazinha bem agradável, o clima estava bom e a previsão do tempo para os próximos dias era de tempo bom (sem chuvas). Encontramos, com alguma certa dificuldade, uma vaga em uma pousada (a pousada Tatu Feliz - boa pousada, limpa, camas confortáveis e café da manhã bom), bem no centro da Vila. Comemos uma janta comida caseira bem gostosa e dormimos cedo para começar a trilha no outro dia.


Eu havia planejado iniciar a trilha as 6 da manhã no outro dia, para termos tempo "de gordura" caso algum trecho da trilha saísse muito fora do esperado, maaas, nós não queríamos perder o café da manhã do albergue, refeição importante para iniciarmos a trilha. Então, adiamos a saída para as 8h da manhã (o café só saia as 7h30min). Tomamos tranquilos e, descansados, tiramos o pé do albergue pontualmente as 8 da manhã.


O meu primeiro erro de cálculo de caminhada ocorreu já no começo, pois me esqueci de incluir na conta de quilometragem o quanto andaríamos do centro de Vale do Capão até o início da subida para Fumaça de Cima (Fumaça de Cima era o nosso primeiro destino, já que começamos por Vale do Capão). Caso você esteja em Vale do Capão (mas isso vale para quem começa de Lençois também) lembre-se de incluir esse comecinho de caminhada (distância entre a sua pousada até o inicio da trilha efetivamente).


Nós caminhamos 1,95km de estrada de terra até a entrada do parque. Foi um bom aquecimento. Fizemos nosso cadastro na entrada do parque e o funcionário muito solícito nos deu todas as informações e dicas que poderia nos dar. Perguntamos se a trilha estava já muito cheia (visto que era feriado prolongado - semana santa + tiradentes), mas o funcionário disse que até então estava bem vazia. Nossa expectativa era de que estivesse bem cheio - inclusive um dos meus medos era de que os pontos de campings estivessem meio abarrotados, piorando nossa qualidade de noite. (esse era um os riscos, mesmo porque eu não havia visto fotos ou lido detalhes sobre o tamanho dos locais de camping). O funcionário também lembrou que não era permitido acampar em outros locais que não os seguintes: Toca dos Macacos (o mais perto da Cachoeira da Fumaça), Capivara (não estava nos nossos planos) e Cachoeira Palmital.


Inicialmente, eu havia planejado ter iniciado a trilha já no dia anterior, na parte da tarde, adiantando a subida até a Fumaça por Cima, e acampando por lá em cima. Mas desisti da ideia porque chegamos meio tarde em Vale do Capão (fim do sol) e nem seria possível, pois o parque não permite acampar lá em cima (não nos deixariam subir com mochilão). Além do mais, menos mal que essa empreitada não foi pra frente: um dos riscos é que nunca tinha ouvido falar de alguém que tivesse acampado lá em cima e, de fato, quando chegamos lá em cima (no outro dia na parte da manhã) verificamos que lá em cima não há áreas interessantes para se acampar: só rochas ou mato relativamente alto e desconfortável pra montar barraca.


Pois bem, nós (eu e Paulo) já havíamos feito a trilha para Fumaça de cima, então já a conhecíamos, e sua dificuldade. Nós começamos a subir, efetivamente, as 8h40min da manhã (atraso de 2h40min no planejado, hehehehehheheheh).


Essa subida tem uma extensão de 1,52km, portando um desnível de aproximadamente 300 metros, uma inclinação média e depois 3,5km de ida plana até o mirante. Esse início de trilha foi muito tranquilo, a subida foi boa para testar nossos ânimos. E nessa época de feriado, esbarramos com 3 vendedores de bebidas (isopor) no meio da subida. Quanto mais alto, menor era o isopor do vendedor, hehehhehe. E foi aqui que constatei o meu segundo erro de planejamento da trilha (que mais tarde não se mostrou tanto um erro assim, mas inicialmente sim): eu havia me esquecido de que, apesar de estarmos servidos em praticamente toda a extensão da trilha (em vários pontos) com água de rios e cachoeiras, a água da Chapada Diamantina é bastante escura (tem minério de ferro em sua composição) e eu nunca (nem Paulo) havia bebido quantidades significativas dese tipo de água para saber que tipo de reação teríamos. Diziam as más linguas (e confirmamos isso com os vendedores de bebidas pela subida) que a água era "bebível" mas que pra "estômagos não acostumados" poderia-se ter mal-estar (leia-se piriri). Durante a subida eu e Paulo nos preocupamos um pouco com esse fator (pois estávamos levando pouca quantidade de água - diminuindo assim o peso em nossas cargueiras - levávamos só 1L de liquido a tiracolo). Chegando no mirante lá em cima (as 10h50min), havia mais um vendedor de bebidas de isopor. Era a nossa última chance de adquirir água natural - que não fosse do rio.


Cachoeira da Fumaça (por cima)
Visão extraordinária da queda da cachoeira e da vista de montanhas da Chapada Diamantina. Impossível não ficar pelo menos meia hora aqui.


Altura: 450m da cachoeira
Ficabilidade no Local: Boa, mas sem sombra.


Fomos tomados pelo cagaço (!) de ter diarréia no meio da trilha e acabamos comprando +1L cada um de água (apesar de aquilo signifcar mais 1Kg para carga -ufff) mas além disso nos demos um prêmio de tomar uma coca-cola antes de começarmos a descer em direção à Fumaça por Baixo. Ai... coca-cola morrendo de calor: que sensação.


Vista em Fumaça por cima


Pedrinha do Suicídio - em foto clássica


Visão estonteante



Ficamos muito pouco tempo no mirante de cima, primeiro porque já conhecíamos o local e segundo porque estávamos um bocado atrasados em relação ao nosso planejamento: primeiro porque tinhamos começado as 8h (ao invés de as 6h) (por causa do café da manhã no albergue) e segundo porque tínhamos incluído mais 1,95km-surpresas na trilha (do Albergue até o inicio da trilha, o que nos fez atrasar mais um pouco). Resultado foi que tinha como plano ter chegado lá em cima as 8h da manhã, mas chegamos apenas as 10h50min - um atraso de ~~~apenas~~~~ 2h50min :o)


Começamos a descer às 11h10min (horário onde viramos à esquerda, no ponto "Entrada para Fumaça Por Baixo"), e aquela coca-cola foi o último vestígio de civilização que vimos pelos próximos dois dias.


Visão da Descida dos Macacos - Início de descida ainda.


Saindo do mirante, logo depois de atravessar o rio (voltando a trilha) para pegar a bifurcação para começar a descer, nos deparamos com algumas bifurcacções logo depois de cruzar o rio, achei que conseguiria cortar um pequeno caminho por ali, mas assim não foi. Com o insucesso dessa breve empreitada, decidimos voltar a trilha oficial (da fumaça por cima) e voltarmos 300 metros, ponto onde há a bifurcação para a esquerda (esquerda, de quem está voltando da trilha Fumaça por cima). A bifurcação não é muito visível e nem tem sinalização então é importante o GPS nesse momento, ou que se conheça bem a trilha pra saber onde virar.


O início da descida é bem tranquilo, e logo começa-se a ficar na lateral do morro, onde o morro já lhe "protege" do vento e traz uma parte da trilha onde praticamente não venta - o que com sol não é uma coisa boa. Aos poucos a descida vai ficando mais íngreme e a descida não tem uma trilha sempre clara. O GPS foi muito necessário neste trecho da descida, toda hora eu precisava consultá-lo para saber se estava no caminho certo ainda mais tendo lido relatos de pessoas que se perdiam nesta parte da subida (subida pra quem fazia o sentido lençóis-Vale do Capao [contrário do nosso sentido]).


Nossa primeira paradinha rápida foi num ponto dito "Santuário" (pegamos esse nome de um track que achamos na internet). Trata-se de um trecho do rio que cai a encosta (que mais tarde vai formar o Rio da Capivara). Nesse trecho do rio há uma semi-caverna, que dá uma sombra boa. Então é um pontinho bom para pegar água. Mas ficamos pouco, porque ainda a estrada era longa.


Descida dos Macacos - foto próxima ao Santuário



A partir do Santuário a descida começa a ficar um pouquinho, de pouco a pouco, cada vez mais íngreme. Trata-se de um trecho de muitos pulos de pedra pra pedra e um pouco de mato. É um trecho cansativo - como já esperávamos.


Depois de 2h40min descendo (uma velocidade média INCRIVELMENTE baixa de aproximadamente 1,16km/h - mas contando as paradas, é claro), estávamos bem cansados (você pode perceber dada a nossa velocidade média) e foi quando avistei um ponto no track que se chamava "Bica de Água". Achei um pouco incrível como em tão pouco tempo já estávamos sedentos e muito cansados. Nós desejávamos ardentemente que a Bica tivesse água (temíamos que ela estivesse seca - uma vez que a Cachoeira Fumaça estava bem sequinha [tínhamos verificado isso lá no mirante lá em cima]). Quando o ponto começou a se aproximar no nosso GPS, no entanto, escutamos o barulho da água. E aquilo realmente havia sido uma alegria repentina muito grande para o cérebro que começava a dar a sua primeira falhadinha desde o início da trilha.


Bica d'água - mais pro fim da descida dos Macacos



Chegamos bem cansados ao ponto "Bica de Água". A gente abriu um sorriso bem largo quando viu água caindo de lá. E essa bica foi o nosso primeiro teste de "beber água marrom" pra ver se iríamos morrer. Morrer a gente sabia que não ia, porque se fosse tão perigoso assim, com certeza esse seria um fator muito mais difundido entre as pessoas que se aventuram a fazer essa trilha e isso seria muito informado e disseminado pelos Associados ao parque, inclusive o funcionário que nos recepcionou lá no início teria nos alertado, se realmente o consumo de tal água oferecesse risco.


Por outro lado sabíamos que, apesar de que não morreríamos, poderia rolar um revertério total no estômago, e isso não seria nada legal (ainda mais no primeiro dia). Mas não tinha outro jeito. Já tinha dado pra sacar que 2L de água para 3 dias de trilha - ainda mais uma trilha pesada como aquela - já estava se demonstrando ser simplesmente inviável.


Vou confessar: Na bica de água bebemos BASTANTE água, estávamos cansados e sedentos. FIcamos lá por volta de 30 minutos, um bom local para se parar, já quase na parte final da descida da Serra dos Macacos, um local com uma boa sombra e também com água. Não sabemos dizer se sempre está caindo água por ali, mas parece que sempre cai pelo menos um filetinho, pois ao que parecia não estávamos em uma semana com muita água (a Fumaça estava bem sequinha) e se a Bica d'água mesmo assim estava com filete de água é porque provavelmente ali sempre caía água.


Depois do merecido descanso, botamos nas costas as cargueiras e encaramos a última parte da penosa descida da Serra dos Macacos. No momento que Paulo colocou sua cargueira nas costas, percebeu que tinha feito um esforço muito grande em sua lombar, que reclamou de forma incisiva e isso fez que com que descessemos com mais cautela ainda.


Eu já estava preparado pra uma descida alucinante (pois tinha lido relatos sobre a subida da Serra dos Macacos - alucinante) e que nós estávamos fazendo no sentido inverso. E assim foi mesmo. Até aquele ponto nós já estávamos cansados, mas aquela descida não parecia terminar nunca.


Da Bica Dágua até a Toca dos Macacos nós gastamos nossas últimas energias, pulo a pulo, não sem xingar uma geração a cada pulo feito.
O finalzinho da descida da Serra dos Macacos é extenuante e muito desgastante. Após esta descida, você não vai desejar descer mais nada pro resto da sua vida, e pode ter certeza que, pelos próximos dias, você vai se lembrar a cada minuto dessa descida - lembrança em forma de dores nos seus calcanhares pra cada passo que der.


Me lembro de ter xingado até a septuagésima geração da minha família a cada novo pulo de degrau que fazia, desejando como último desejo da minha vida apenas chegar até o leito do rio, para finalmente largar a cargueira na Toca dos Macacos, nosso destino final para este primeiro dia.


Demos o último passo na Serra as 15h39min (uma extenunante marca de 4h30min de descida, apenas 4,1km de extensão, mas distribuídos em um desnível de caída de incríveis 400metros (um pouco mais do que a altura da cachoeira Fumaça, porque a Toca dos Macacos fica mais baixo do que a base da Fumaça)), e chegamos ao "Y" do Rio Capivara + Rio Fumaça nesse momento. Pode parecer pouco, mas saiba: se for fazer essa descida, pode se preparar para dizer adeus a suas pernas e só desejar uma cama.


Eu tinha até planejado visitar a Fumaça por baixo nesse mesmo dia, mas assim que chegamos no leito do rio verifiquei essa era uma péssima ideia. O mais sensato a se fazer seria estabelecer-se na Toca e preparar-se para o segundo dia que seria, teoricamente, mais tranquilo. Bote teoria nisso.


Para nossa surpresa, a Toca dos Macacos estava completamente vazia (eu achava que ia estar bem cheio). Confesso que me agrada muito mais quando está vazio, escolhemos o melhor local possível para armar a barraca, montamos ali, aproveitamos o horário para tomar um banho em frente a toca e prepararmos a janta.


Chegando à Toca dos Macacos



A Toca dos Macacos (não vimos nenhum macaco, só aranhas :)  é um local bastante agradável, um lugar bonito, com sombra, plano, terra relativamente fofa, local fácil pra montar barracas e com água muito próxima, provinda do Rio da Capivara. Algo que chamou muito a minha atenção é que eu não consegui perceber o encontro dos rios Capivara e Fumaça. Pra falar a verdade, uma vez que eu estava ali embaixo, eu só conseguia visualizar o leito do rio indo para a Cachoeira da Fumaça por baixo, eu nem estava me lembrando que ali havia um "encontro dos dois rios". Vendo pelo Google Earth agora, depois da viagem, eu acho bem estranho que eu não tenha conseguido perceber o "Y" formado por esse encontro, porque no Google Maps ele é MUITO visível, mas quando você está lá sobre os leitos, esse Y não é claro (parece haver apenas um rio). (veja no mapa que marcamos esse Y).


É importante salientar também que, para quem está fazendo a trilha no sentido Lençóis-Vale do Capão (o mais comum), o ponto de saída do Rio Capivara/Fumaça em direção a Serra dos Macacos não é muito visível e pode-se se tornar um ponto "bate cabeça" na saída. Para quem estava indo no sentido inverso (nosso caso), a saída foi tranquila e foi muito fácil encontrar a Toca dos Macacos, que está bem colada ao leito do rio e bem vísivel.
Pocinhos do lado da Toca dos Macacos - lugar muito agradável para passar a noite


Poço na Toca dos Macacos


Poços na Toca dos Macacos


"Lavabo" na Toca dos Macacos - excelente local



Nós preparamos nossa janta, um merecido miojo com sardinha/atum + provolone (que ficou muito bom!) - não sem antes o fogareiro ter dado uma breve falhadinha (primeira vez que o estava usando de fato). Jantamos ali e as 20:30 já estávamos deitados, prontos para o nosso dia-D : O ataque à Fumaça por baixo.
Barraca Pronta na vazia Toca dos Macacos. 



Dia 2 - Ataque a Fumaça, abelhas e o Trecho da Frustração
Acordamos bem no segundo dia. Um pouco cansados mais ainda com muito gás, porque ainda era necessário mesmo. E também, aquele segundo dia estava no papo. Segundo a minha programação faríamos o ataque a Fumaça por Baixo em mais ou menos 1h30min , voltaríamos e depois iríamos relativamente tranquilos até o Camping do Palmital, que ficava a uma distância de 5,6km da Toca dos Macacos.


Mas você sabe como as coisas são, vão acumulando probleminhas, até o que fim do seu dia saia um pouco diferente do que você tinha planejado....


A nossa preparação já deu uma leve atrasadinha, eu tinha planejado sair umas 7h30min, mas acordando meio sonolentos conseguimos deixar tudo pronto só lá pras 8h20min. A segunda coisa chatinha desse inicio do segundo dia é que o GPS não estava achando recepção de satélites. Bem, o ataque até à Fumaça não precisava muito do GPS, era só seguir o rio, maaas, é sempre confortável ter o GPS confirmando que se está no lugar certo e, de qualquer forma, eu precisava dele, mais para o fim do dia - ele podia até demorar a achar os satélites, mas antes do fim do dia tinha que estar funcionando. E se ele não achasse satélite até o fim do dia? E se ele tivesse quebrado? (Afinal, o meu Garmin já está com os cantos calejados, vai que agora ele deu pau total??) Enfim, nós iriamos seguir o rio e enquanto isso eu ia olhando o GPS pra ver se ele voltava a vida.


Já eram 8h30min e eu estava um pouco afobado com o tempo: ainda precisávamos achar um ponto pra deixar as nossas cargueiras (iríamos só com o ataque, porque a ida até a base-poço da Fumaça é de ida com a mesma volta). Por essa afobação eu achei um ponto qualquer lá pra deixar as mochilas, mas o Paulo vetou: falou que tava muito fácil e visível - arriscado deixá-las lá.


Eu, um pouco irritado então saí meio voando subindo já em direção a Fumaça pra que pelo menos o local onde fossemos deixar as cargueiras já fosse no sentido correto pra ganhar um tempinho, que fosse. Subi um morrinho lá e por unanimidade de votos, 2 votos a favor x 0, eu e Paulo achamos que lá estava bom. Já eram 8h40min, atraso novamente pra começar o dia. Mas apesar desse atraso, ainda estávamos com tempo bom, porque o resto do dia seria, teoricamente, bem tranquilo.


Começamos então a subir o leito do rio, sem GPS, eu com 95% de certeza que era por ali mesmo, mas sem certeza absoluta. Sem as cargueiras, a gente se sente com menos 100 quilos nas costas... bem, é quase isso mesmo, só não são 100, mas parece xD . Então isso ajudaria bastante a moral praquele início de dia, íamos tirar de letra!
Não parece, mas o ataque à Fumaça é subida, amena, mas subida.



O começo foi bem tranquilo mas.... devagar. Eu sabia que o ataque seria sobre o leito do rio, mas, pensando bem, se eram aproximadamente 3,5km de ataque, aquilo não ia ser tão rápido assim... (eu só pensei nesse cálculo ali, no meio do ataque mesmo). De acordo com a minha experiência, subida por leito do rio dá uma média de 1km/h (isso mesmo, essa terrível marca). E se estívessemos nessa média, isso ia nos tomar incríveis.... 6h no total!!!!! Isso não era nada bom. Por essa razão e somando o fato de que o GPS ainda não estava a postos de trabalhar, eu fiquei um pouco temeroso.
Início da trilha de Ataque à Fumaça - velocidade baixa porque estávamos no meio do leito do rio. Caminhada pouco produtiva e cansativa.


Fomos subindo e subindo. Sem problemas, mas devagar. De repente, em certo momento, acontece algo bem inusitado. O rio seca. A partir de certo ponto não havia mais água corrente, só parada. E assim a coisa continuou. Confesso que nesse momento a minha certeza de 95% de que estavamos no caminho certo passou para uns 80%, afinal de contas, se tinha uma coisa que eu não estava esperando era que o rio que eu estava seguindo, minha unica referencia-gabarito, secasse?? Não tinha como errar ali, mas eu achei estranhasso a água nao estar correndo. Entenda o seguinte: é isso mesmo que voce leu: o Rio Fumaça é tão fraquinho - ou pelo menos ele estava tão fraquinho naquele momento - que a água corria só mesmo pertinho do Rio Capivara, e um pouquinho ali mais pra cima, smplemesmente a água não corria mais! Ficava presa em alguns pocinhos ali sem correr, esperando chuva, tromba ou época de cheia.
Poços durante o Ataque à Fumaça - cansativo, mas trilha extremamente agradável.


Isso não estava no roteiro, nem no gibi, dos relatos que havia lido sobre esse ataque. Foi por essa razão que eu comecei a olhar mais pros lados e avaliar quais eram as probabilidades de eu incrivelmente ter errado o caminho (E sim, isso seria algo incrível, porque não tem [ ou não deveria ter] erro nesse ponto!) . Foi por isso que comecei a andar mais pelas lateral do rio e aí é que.......ZAP! Encontrei uma trilha na lateral esquerda do rio (esquerda de quem está subindo para a base da fumaça), isso fez a confiança aumentar pra uns 90% novamente. Assim que achamos essa trilha, o fator velocidade na trilha melhorou ... E MUITO!


Daí seguimos e não muito depois de estar sobre a "trilha secreta" na beirada do rio, eis que pra aumentar a confiança de 90% para 100% ouvimos vozes no sentido contrário: era um grupo de 3 caras que voltavam da cachoeira. Em poucos segundos pensamos de onde eles estariam vindo: era muito cedo para estar vindo de qualquer lado: presumimos que eles tinham acampado próximo à cachoeira, apesar que não há bons lugares pra se fazer isso por lá. Eles vinham com caras abatidas.


Cumprimentamos e perguntamos se ali era o caminho certo mesmo, eles confirmaram. Mas além disso contaram sua temível história: haviam sido surprendidos por um enxame de abelhas que os pegou , não em cheio (pois estavam bem) mas levaram umas boas mordidas. Não entendemos muito bem qual foi a sequência de eventos que ocorreu com eles, mas ocorreu que eles tiveram que deixar uma cargueira para trás que, segundo eles, estava exatamente em cima do enxame. Eles estavam bem abatidos, e não para menos.


Nos aconselharam que ficássemos de olho, ao chegar próximo ao enxame, que desviássemos pelo leito do rio (saindo da trilha) para que não passássemos por elas. Falaram que tinham visto uma cobra coral no meio do caminho também. Eles nos pediram, também, que se déssemos sorte de conseguir recuperar sua mochila que a pegássemos (ou o quanto desse). Anotamos o email do cara e partimos frente. Eles voltavam.


Depois dessa notícia, nós diminuimos a marcha e ficamos atentos a qualquer indício de abelhas pelo caminho. Andamos devagar. Isso atrasou mais uma vez o nosso passo, mas era por uma boa cautelosa causa.  Pelo que ele tinha dito, ainda faltava um pouco para chegar até o ponto onde supostamente as abelhas estavam, mas demorou bastante até encontrarmos elas.


Nós andamos tanto que achamos que já tinhamos passado pelo ponto sem perceber, apesar que eles tinham comentado que o ponto (onde estava a mochila) era sobre a trilha (e nós fomos quase sempre sobre a trilha).


Mas foi só o finalzinho da trilha mesmo, quando já dava pra ver a Cachoeira Fumaça caindo ao longe é que avistamos a mochila. Era uma cargueira e dava pra ver que ela estava bastante carregada. Para que aquele grupo tivesse largado semelhante mochila carregada, a coisa tinha que ter sido realmente feia.


A mochila, conforme vimos, não estava isenta de abelhas, dava pra vê-las sobrevoando a mochila. Infelizmente, nem cogitamos passar por ali - infelizmente não ia dar pra recuperar algo para eles, nao dava pra arriscar assim. Por sorte, aquele trecho da trilha permitia ser realizado pelo leito do rio a uma distância relevante para que as abelhas mal nos "vissem", assim calculamos.


Tentamos passar por ali o mais rápido que pudemos, não sem que Paulo levasse uma ferroada das pesadas e assustadoras, hehehe, o que nos causou um pequeno corre-corre, mas sem maiores outros sustos.


Depois desse ponto, estávamos bem perto da cachoeira, chegando a nosso destino principal.


A cachoeira Fumaça estava vazia mas ao menos caía alguma aguinha para podermos contemplá-la como cachoeira sobre o paredão (as vezes acontece de chegar ali e o paredão estar completamente seco).
Cachoeira da Fumaça vista ao fim de seu ataque - quase chegando. Fumaça vaziinha....



O tempo estava bom e a cachoeira estava deserta. Nós chegamos na cachoeira às 11h05min: uma pernada de 2h20min, para 3,5km aproximadamente. Uma velocidade baixa, mas ainda em tempo estávamos lá. Deveríamos sair, sem tempo de gordura, as 12h30min de lá. estava razoável.


Cachoeira da Fumaça (base / por baixo)
Cachoeira encaixada num paredão de 3 lados, retinho. Poço não muito grande devido a baixa vazão da queda, mas lugar é sensacional e muito estonteante. Interessante observar que a água não é tão fria aqui. Provavelmente ocorre porque pouca água corre a cada momento. Assim, a água na superficie do poço é quente (bem na superficie mesmo). Você vai perceber essa diferença de temperatura.


Altura: 450m
Tamanho do Poço: ~40x25
Profundidade do Poço: Não é muito fundo. dá pé em vários pontos, mas em alguns pontos não dá pé.
Pulabilidade no Poço: Média. Tem alguns pontos pra pular, mas o poço não é muito fundo.
Nadabilidade: Muito boa. O poço é grande e gostoso. Dá pra dar umas braçadas boas.
Ficabilidade debaixo da queda: Não muito boa, porque a queda é muito fraquinha. Além disso o local onde a queda cai varia devido a grande altura, o vento molda onde ela vai cair.
Ficabilidade no Local: Muito boa. Local agradável e estonteante. Dá vontade de ficar muitas horas por ali.
comentário sobre ficabilidade
Solo do Poço: Pedras.




Poço da Fumaça visto da direita dele.

"Embaixo" da Queda da Fumaça



A Cachoeira Fumaça , dada a sua dificuldade (provavelmente) é uma cachoeira de chegada um pouco inóspita. Tem bastante mato na parte frontal do seu poço o que faz com que seja necesário dar uma quebrada final até as pedras que ficam na lateral direita.


O poço da cachoeira é muito bonito, cor característica da região (estilo coca-cola). Enquanto estivemos lá a cachoeira caía em respingos, mas consideráveis, variando (devido a altura) ora caindo nas pedras no fundo do poço e as vezes dentro do poço. Uma característica interessante do poço é que tem alguns pontos dele em que a água está quente, isso provavelmente devido ao fato de a água ficar meio que praticamente parada ali no poço e então ela acaba esquentando. Parada o suficiente para que não caia rio por grande parte dele (como disse anteriormente): o rio só estava rolando (nesse tronco da fumaça) sóoooo lá embaixo quase no encontro com a capivara - ou seja, devíamos estar lá numa época em que o os poços estavam em processo de cheia pra fazer o rio correr por completo. Nós curtimos bastante o poço. Eu recomendo subir as pedras na lateral direita, dando oportunidade de uma bela visão do poço de um pouco do alto - dá boas fotos.
Poço da Cachoeira visto de desde a queda


Poço da Cachoeira


Poço da Cachoeira visto "de cima" das pedras, na lateral direita.



Houve um momento de susto durante a nossa estadia no poço. Em determinado momento eu estava lá no fundão e o Paulo estava chegando na parede lateral onde cai a queda da cachoeira e de repente...


brbrbrbbjBRABLRALRBALRLARL BOOOOONNNKKKK! (com letra começando com fonte 8 e terminando em fonte 70):


O que era isso? só uma pedrinha caindo lá de cima não sei de onde e caindo quase que no poço????? 10 segundos depois:


brbrbrbbjBRABLRALRBALRLARL BOOOOONNNKKKK! De novo!!!!!!


Pensei comigo mesmo: cacete.. agora só falta um avalanche de pedras? Vendo aquelas duas pedras despencando do teto, eu olhei para o outro lado do poço, aquele conjunto incontável de pedras juntas ali e pensei: ok, como é que elas vieram parar ali? Acho que é desse jeito que eu tou vendo agora ne??? Só espero que nossas cabeças não virem mais uma rochinha junto às outras pedras :S


Para nosso sorte, aquele não foi o nosso dia de nos transformarmos em rocha de cachoeira. Saímos vivos, curtimos bastante  - estávamos surpresos com a baixa quantidade de pessoas em um feriado grande.
Cachoeira da Fumaça - poço com referencia humana


Poço da Fumaça - foto com zoom


Poço da Fumaça - super tranquilo


Fumaça com sua parte posterior, onde a queda cai, à direita, na foto.


ela visão da queda - note a água caindo no poço, na parte direita do poço.




Poço da Cachoeira vito da lateral esquerda. Tem uma pedra bacana pra descansar aí


Infinidade de pedras na lateral direita do poço. De onde elas vem? Lá de cima! brbrbrbrbbrbrbrbroooOONC!


Paredão visto da lateral esquerda do poço


Vista do meio do poço, olhando pra trás


Canion da Fumaça - olhando pra trás (de onde viemos no ataque)


Cachoeira da Fumaça - vista de baixo


Vista de onde a queda cai



teste






video



Saímos com atraso (por mera preguiça e vontade de continuar nadando) aproximadamente as 12h50min, mas sabíamos que dava pra fazer a volta muito mais rápido agora que sabíamos da manha da trilha lateral ao rio toda a vida. Na volta nós nos encontramos com um guia e um viajante indo para a queda e informamos a ele sobre a cargueira perdida sobre o enxame. O guia havia dito que tinha ouvido a história do grupo (havia cruzado com eles também) e tinha pegado os contatos do grupo: provavelmente o guia com alguma malandragem que só guias conhecem ia conseguir recuperar alguma coisa: pelo menos torcemos pra que assim fosse.


Fizemos a volta  mais rápido e com menos paradas, como previsto: chegamos à toca dos Macacos aproximadamente às 14h25min (1h30min de volta, 50 minutos mais rápido do que na ida). E agora, segundo a minha previsão, nós precisávamos fazer uma boa pernada, ainda, de 5,6km saindo da Toca dos Macacos em direção à Cachoeira/Camping Palmital. Era uma distância considerável, mas eu considerei que era totalmente factível, bastando, para isso, dar um gás focado na perna e chegando bem ao fim do sol. Nos demos ao luxo de comer um almoço rápido, um banho rápido (muito bom, na frente da Toca, que tem poços agradáveis) e saímos.


Mas... você sabe como são as coisas planejadas : normalmente falham, pelo menos em alguma instância. E aqui começou a parte mais frustrante da trilha, algo que errei miseravelmente no plano.


O Trecho da Frustração
Começamos a andar, mas.... surpresa! Eu não estava achando uma trilha paralela ao rio como tinha acontecido na ida para a Cachoeira Fumaça. E eu realmente achei que nesse ponto havia uma trilha (desde o início) pois não havia lido nenhum relato que informasse que aquele trecho era sem trilha. Nós procuramos de todo jeito, mas as trilhas que se iniciavam na lateral sempre acabavam brevemente te desembocando obrigatoriamente de volta para o leito do rio. Isso com certeza impactava diretamente no nosso plano de percorrer os 5,6km até o fim do dia. Começamos a andar as 15h30min, se continuassemos naquele ritmo, não ia dar pra completar nem metade! Isso era certeza.


Eu pagaria pra ver qual era a minha cara nesse exato momento da trilha, gostaria muito de ver como eu fico com 100% de mau-humor, mas essa, só o Paulo conseguiu ver ao vivo e a cores. Nós, com a cargueira nas costas e agora encarando um trecho sobre o rio. Humn, ok.... NOT GOOD. A cada pedra que eu pulava eu xingava uma pessoa diferente, todas aquelas pessoas que haviam feito um relato SEM comentar que aquele trecho da trilha era lento! Em questão de cálculo de tempo gasto, eu só tinha o tempo feito pelo Antonio, amigo meu, que tinha feito aquele trecho em 1h30min. Mas ok, o Antonio é o Antonio, e ele é um dos caras mais animais que conheço em termos de trilha, ele faz trilha como se estivesse passeando no shopping, independente das condições, então eu sabia que não alcançaria sua marca: mas eu fiz uma estimativa relativamente pessimista tendo como base a marca que ele fez. Essa marca seria feita em 2h, mas mesmo assim aquilo era impossível! Como é que o Antonio tinha conseguido fazer aquilo nas 1h30min??? Essa era a pergunta que eu me fiz a cada pedra que eu pulava. Eu sabia que com aquela velocidade que estávamos fazendo provavelmente iriamos dormir no rio!


Por sorte, antes de começar a trilha, o funcionário do Parque nos havia comentado que havia um ponto de apoio, a Cachoeira Capivara, um "ponto médio" entre Toca dos Macacos e Palmital. Esse era o nosso plano de emergência, parar por lá, e era pra esse plano que estávamos caminhando com aquela velocidade, apesar de eu não ter esse ponto marcado no GPS, sabia que era só continuar descendo. Não seria terrivelmente ruim, mas isso iria ameaçar - quase certo - o nosso objetivo, que era terminar a trilha no domingo, antes das 18h, e isso começou a entrar na minha thread de preocupações a cada passo dado - não havia muita contingência para compreender esse problema.


A minha esperança é que encontrássemos o mais logo possível a famigerada trilha naquele trecho : tinha que existir! Caso contrário, por que é que ninguém tinha informado sobre esse lento trecho??


Mas foi assim que não foi: que trilha que nada. nós continuamos pelo rio, não foi muito tempo, mas chegamos na Cachoeira Capirava exatamente as 17h. 200 metros antes de chegar lá, avistamos algumas pessoas, com certeza iriam acampar por lá. No finalzinho da chegada ainda tivemos alguma dificuldade  em chegar ao camping, porque estávamos sempre pelo lado esquerdo (de quem desce) mas no finalzinho só dá pra chegar com segurança ao Camping Capivara andando pela direita. Fizemos isso com auxílio das indicações de um barbudo, um dos caras que estava lá em Capivara e nos viam chegar ao longe.


Nós chegamos ao Camping às 17h15min , é melhor chamar esse ponto de "Camping". Um local muito legal, mas saiba: simplesmente você fica ali em algumas pedras na lateral do rio, não tem camping não, heauheuaheuaheu. Rapidamente pegamos algumas informações com o grupo que ali estava e falamos que o nosso plano era chegar a Palmital. Segundo o meu GPS faltavam ainda 3km (tinhamos andado miseráveis 2km em 1h30min, como previsto, uma velocidade ridícula sobre o leito do rio).


O barbudo, (me esqueci do nome dele) que parecia ser meio que o porta-voz-relações-humanas do grupo fez uma cara feia e disse que aquilo era impossível. Bem, não impossível se tivéssemos uma lanterna. Mas eu não estava disposto a encarar uma trilha sobre o leito do rio com uma lanterna e uma cargueira nas costas. Segundo o barbudo (solícito e gente boa, pernambucano) eram aproximadamente 3h até Palmital.
"Camping" Capivara


3h???? Então quer dizer que entre Toca dos Macacos e Palmital, o que eu havia planejado fazer em apenas 2h, na verdade seriam feitas em 4h30min? Ok, aquilo estava totalmente fora dos planos. Agora era aceitar que iríamos ficar por ali mesmo. Não tinha outro jeito! A próxima informação que lhe perguntei era que nós PRECISAVAMOS chegar em Lençois DE QUALQUER JEITO no próximo dia, e lhe perguntei se isso era possível, saindo de Capivara, afinal de contas, com a parada imprevista em Capivara tinhamos acabado de adicionar mais 3h (ou 3km) pesados de trilha no terceiro dia, o que iria encarecer o terceiro dia que era para ser, a principio, light.


O Pernambucano barbudo não pestanejou a responder um certeiro e firme: "vocês não vão conseguir". Segue o diálogo:


-Ih..Vocês não vão conseguir.
-Mas eu tenho GPS!
-Não importa, o caminho é pesado, a menos que o seu GPS faça alguma mágica!


Esa resposta do pernambucano realmente minou todas as minhas esperanças. Ele estava muito certo e sem titubear, ele já conhecia aquela trilha e a tese do pernambucano foi confirmada pelo número 2 do grupo, outro integrante que conhecia mais a parte da Serra dos Macacos e disse o mesmo, que dificlmente conseguiríamos, adicionando a pergunta se nós já conheciamos aquela trilha? Eu disse que aquela era minha primeira vez na trilha, e ele adicionou um "vocês são loucos?"


Mais uma vez eu me lembrei do relato do Antônio e me perguntei qual teria sido o horário do helicóptero que ele tinha pegado para ir de Lençois até Toca dos Macacos em apenas um dia e ainda com algumas horas sobrando no fim do dia?? Dei moral para o Antônio e aceitei que aquela era a nossa nova triste realidade. Um terceiro dia que seria pesado e muito possivelmente nossa falha em chegar no domingo, o que acarretaria à perda do aluguel do carro que haviamos ja feito, o que impactaria totalmente o resto de nossa viagem (para ibicoara).


A nossa instantânea e emergente preocupação às 17h30min era avaliar qual seria o melhor local para dormir, não que houvessem tantos lugares assim para serem escolhidos, mas o sol já se ia. O pessoal que estava ali (6 pessoas) iam dormir sem barraca, apenas com forro e talvez colchonetes ou sacos de dormir bem finos, com o apoio de um tetinho que aquele local do rio gera, uma espécie de semi-caverna, um lugar convidativo pra dormir, de fato, se não fosse pela dureza das pedras. Um estreito abrigo, local esse onde costumam chamar lugar de apoio. Pois veja, esse é um local de apoio de emergência, mesmo porque sobre o leito do rio, havendo tromba d'água durante a noite, os resultados podem ser não muito interessantes.


Avaliamos o local e o Paulo sugeriu de montarmos a  barraca em uma pedra lisinha e muito plana que havia um pouco acima de onde a semi-caverna estava. Não tinha teto, mas nós tínhamos barraca, e apesar que não seria possível fincar as estacas ali, o Paulo deu a ideia de sustentarmos-a com pedras - possibilidade que eu nunca havia pensado. É porque a minha barraca precisa de estacas para ficar de pé, ao contrário de barracas clássicas como as iglus (que ficam de pé mesmo sem estacas).


Achei a ideia interessante e decidimos montar ali. Eu avaliei o plano de contingência caso acontecesse uma tromba d'água durante a noite. Bem.. havia como fugir um pouco mais pra cima do rio, com alguma dificuldade, mas havia. Sim, se ocorresse, aquilo significaria pegar unicamente as coisas mais importantes deixando o resto para trás, inclusa aí a barraca, que apesar de muito importante apresenta inviabilidade de ser carregada no caso de tromba d'água durante a noite.
Camarote para assistir as estrelas - Barraca montada sem estacas e com pedras


Estávamos no inferno era pra abraçar o capeta. Não havia local seguro para acampar caso houvesse tromba d'água. Ou era no leito do rio ou era no leito do rio. O grupo de 6 pessoas também não estava em um local seguro. O jeito era torcer pra não acontecer o pior. Montamos a barraca e deixamos as coisas estrategicamente arrumadas pra, se for o caso, pegá-las no susto sair da barraca e correr pra cima, vendo todo o resto ir embora. De qualquer forma, olhando para o céu estávamos agora agraciados com um céu totalmente estrelado, não havia nem brecha pra chuva. Confesso que apesar de todos os reveses passados no dia e do risco de ter perdido o planejamento final da viagem, aquela noite seria especial, pela dificuldade e também pela beleza de onde estávamos. Totalmente isolados da civilização, no coração da trilha de Fumaça por Baixo, bem no meio, no meio de um rio, ao lado de uma cachoeira, numa pedra lisinha, dura , mas lisa, olhando para um céu estrelado.


O dia estava muito quente, mesmo a noite. Sentimos uma inveja do jantar do grupo do Pernambucano, eles estavam cozinhando alguma coisa bem cheirosa por ali. Mas até que o nosso menu não estava ruim para as jantas. Ele se repetiu na segunda noite, mas foi bem gostoso, pelo menos pra mim estava mais do que suficiente: miojão com queijo provolone derretido + atum e sardinha. O Paulo ainda jogou um sachês de ketchup no dele, huuumn... isso pra mim, no meio de trilha é quase que um manjar. Eu achei bom demais. Jantamos cedo, e durante a janta eu recapitulei qual era o novo plano recém desenhado no improviso:


Acordar as 5 da manhã no outro dia pra ter alguma esperança de chegar ainda no outro dia em Lençóis. Pra ser muito sincero, eu estava muito desacreditado que íamos conseguir, mas esse era o plano. Nós íamos acordar às 5 da manhão tomar café e as 6 em ponto estaríamos com as mochilas nas costas. Nós queríamos pelo menos 5 minutinhos nas Cachoeira Capivara, que nos surprendeu na chegada, íamos nadar lá, ia ser o nosso único alento para esse último (tentativa) dia pesado. A Palmital já tinha sido riscada da lista a muito tempo. Eu achava que a Palmital ficava ao lado do camping, mas segundo o Barbudo, a trilha não passava exatamente em cima da cachoeira, então decidir visitar a cachoeira iria nos tirar mais tempo ainda daquilo que já considerávamos difícil. Se é que aquela trilha era um filme de suspense, com toda a certeza esse momento foi o auge, o clímax da longa metragem, onde não tínhamos a mínima noção do que nos arguardava no próximo dia.


Nós internalizamos o plano enquanto jantávamos, eu perguntei ao Paulo o que ele achava do plano, e ele respondeu:


"Acho ousado..." - olhando pro macarrão.


Eu não queria dizer, mas eu também achava assim. A nossa ida para Ibicoara estava completamente ameaçada. Só restava tentar. Terminamos a janta e deitamos.
Boa noite.


Dia 3 - Chuva, Capivara e superação


Boa noite mais ou menos! Antes de começar o terceiro dia, a nossa noite foi meio conturbada, uma semi-noite.  Depois de algumas horas tentando achar alguma posição confortável na dura pedra (ou esperando o cérebro chutar o balde e resolver deixar eu dormir mesmo sentindo dores) , quando eu estava quase dormindo, Paulo me cutuca:


"Acorda! Eles estão fazendo sinal com a lanterna!"


O improvável - dada a análise do céu algumas horas antes - aconteceu.  Estava chovendo.


"Eles estão fazendo sinal pra gente. O rio deve estar subindo".


Bateu um desespero. Eu olhei pras nossas coisas e abri logo a barraca pra ver o que tava acontecendo. Olhei pro rio, mas ele não estava subindo. Só chovia, mas felizmente não forte, só umas gotas. Na verdade, as lanternas tinham sido só um falso alarme. O que aconteceu é que alguns dos integrantes do Pernambucano estavam dormindo sob o teto de estrelas e pegos de surpresa pela chuva inesperada também. Eles tiveram que se reorganizar no meio da noite, se espremendo na semi-caverna pra que o teto comportasse todos. Dormir ali com chuva não deve ser muito agradável, mesmo porque a água deve escoar para dentro, molhando a base das bolsas. Sei lá como eles fizeram.


Nós olhamos o rio novamente, não havia muito o que fazer a não ser torcer pra que chovesse, mas sem tromba d'água. Eu achava que as chances disso acontecer eram remotas mesmo (de ter tromba d'água), mas quando se está no leito de um rio no meio de uma madrugada, qualquer possibilidade faz você ficar alerta. Você pode imaginar que não tivemos uma noite das melhores. Foi difícil ir dormir sentindo as gotas na barraca. Elas pararam um pouquinho depois do alarme falso, mas voltaram a cair algumas vezes durante a madrugada, o suficiente pra que acordássemos de quando em quando e tentássemos avaliar a braveza do rio através do seu barulho, que estava ali do nosso lado.


As 5 da manhã os despertadores tocaram, mas eles dividiam espaço com o barulho das gotas de chuva caindo na barraca. Era chuva fraca, mas o suficiente pra tornar quase que impossível acordar àquela hora pra sair e encarar caminhada. Não precisamos dizer uma palavra um com outro pra entender o consenso de que o mais sensato a se fazer naquele insstante era tentar descansar um pouco mais até a chuva passar.


As 6 e pouca essa chuva passou e nós acordamos rápido. Tomamos um café, o pessoal do lado também estava acordado. Nós, diferentemente da primeira manhã (na toca dos macacos) conseguimos fazer tudo rápido e sem atrasos, as 7 e pouquinha estávamos com as cargueiras nas costas. Trocamos mais algumas palavras com o pessoal e demos boa sorte a jornada deles - eles ainda estavam no café. Nós descemos um pouco e alcançamos sem dificuldade a base da Cachoeira Capivara.


Cachoeira da Capivara
Formada pelo rio de nome homônimo. Na verdade é o mesmo rio da Fumaça, que depois encontra com o Rio “dos Macacos”. Interessante observar que a vazão nesta cachoeira é muito maior do que na cachoeira da Fumaça, não sei explicar direito porque. A queda em si é pequena, mas muito bonita e com um poço grande e gostoso. No entorno muitas pedras, e esta cachoeira está a 50 metros do local onde se dorme na Toca da Capivara.


Altura: ~6m
Tamanho do Poço: 35mx35m
Profundidade do Poço: Muito fundo - devido a vazão
Pulabilidade no Poço: Muito boa: tem muitas pedras e muitos lugares pra se pular.
Nadabilidade: Excelente. Poço gostoso, grande, profundo e com alguns lugares para entrar fácil.
Ficabilidade debaixo da queda: Ótima. A cachoeira tem várias quedas laterais que propiciam gostosos banhos.
Ficabilidade no Local: Ótima. Lugar gostoso e agradável , com muita água e inclusive lugar pra ficar na sombra.
Solo do Poço: Pedras
Chegando na Cachoeira Capivara - muita água


Eu fiquei maravilhado pela Cachoeira Capivara. O tempo estava fechado, mas ela estava muito convidativa. Achei estranho como não havia visto em nenhum relato um elogio sequer para essa linda cachoeira. Eu não dava nada por ela, acho que foi por isso que eu gostei tanto de conhecê-la. Eu definitivamente esperava uma corredeira sem graça e com um poço mais sem graça ainda. Não que a cachoeira Capivara seja alta, ela é de porte pequeno, mas é larga, com uma vazão grande de água e com um poço bem grande, delicioso. Particularmente, achei o poço mais legal do que o Poço da Fumaça por Baixo. Achei uma injustiça que ninguém houvesse comentado boas notas para essa cachoeira, "no meu relato vai ser diferente" pensei eu enquanto estava lá.
Parte do Poço da Capivara - antes de chegar na base dela (se chega por cima)


Maior porção da Cachoeira - ela tem mutias quedas, mas essa é a maior.


Um dos "chuveiros" da Cachoeira. São vários. Poço e chuveiros muito agradáveis, dá vontade de passar o dia


Tomando banho



Nós ficamos cerca de 40 minutos na Cachoeira Capivara (5 minutinhos sempre duram mais do que o plano), e de forma inconsciente, nós já estávamos mais ou menos conformados que não íamos conseguir chegar em Lençóis naquele dia. Primeiro porque já tínhamos começado atrasado, e segundo que não sabíamos qual era realmente o estilo da trilha ali por diante. Depois da pegadinha do rio Capivara ao fim do segundo dia, eu estava preparado pra qualquer coisa. Segundo o relato do Pernambucano , não seria nada fácil. Então não fizemos nada com muita pressa.  Nadamos na Capivara e começamos a descer. Mais uma vez o meu GPS não estava achando recepção de satélite. Além de estarmos meio emparedados pelos paredões do rio (não tão altos agora, mas um pouquinho pra dificultar a localização do GPS) também estava nublado. Não muito favorável pra GPS trabalhar.


Dessa vez eu precisava do GPS com um pouco mais de urgência, porque a saída do leito do rio aconteceria muito em breve, se bem me lembrava dos relatos e mapa e não seria nada legal incluir mais esse percalço na empreitada: descer rio abaixo passando vazado pela trilha, isso com certeza poderia prejudicar e muito a trilha no terceiro dia : já não havia espaço pra isso, claro.


Pra evitar esse revés, ficamos todo o tempo o mais a esquerda possível (de quem o desce) do leito do rio, sempre atentos a qualquer possibilidade de entrada pela esquerda pra escapar do rio : coisa que não deveria demorar muito.


Apesar do GPS não funcionando o nosso início do 3o. dia foi muito melhor do que o 2o. Seguimos mais um pouco pelo rio, e sempre margeando a esquerda encontramos facilmente a saída para subir à Palmital, inclusive confirmando a ida por setinhas marcadas na pedra. (setinhas muito valiosas em quase toda a trilha). Nesse exato momento o GPS achou recepção (agora que eu já não precisava mais dele ~~' - mas ao menos a onda de azar parecia ter ficado pra trás, pelo menos naquele início de dia).


Depois do Rio Capivara é preciso encarar uma boa subida até Palmital. É cansativa, mas eu achei essa parte muito mais fácil do que a descida da Serra dos Macacos. Era cansativo, mas não estávamos mortos. E estávamos determinados. Apesar de pouca esperança, ainda dava pra terminar a trilha no domingo como planejado inicialmente.


A chuva não tinha voltado mais e houve um fator que achei MUITO agradável nesse início de terceiro dia. O dia estava muito quente e essa subida à Palmital é permeada por muito mato alto, e o mato estava todo molhado pela chuva: foi muito agradável passar pelo mato que te lambia te dando alívios imediatos daquele calor : acho que isso ajudou a amenizar a dificuldade da subida, pelo menos pra mim. Fiquei impressionado, no entanto, com a altura do mato no decorrer da trilha. Por certo não é uma trilha muito acessada e realizada. A trilha é bem marcada sim, mas o mato é relativamente alto: de fato, "não é uma trilha pra qualquer um".
Aspecto da trilha ao sair do rio da Capivara - trilha bem marcada (apesar de não parecer na foto), mas com mato alto. Esse mato nos lambeu com a chuva do dia anterior.

Cachoeirinha sem nome - à direita da subida de Capivara à Palmital


A nossa subida até Palmital foi bem tranquila. Começamos essa subida aproximadamente as 8h15min e chegamos ao acampamento de Palmital um pouquinho antes das 9h. Bem, frente a tudo, depois de tanto revés, tínhamos feito uma excelente marca, um pouco mais rápido do que tinha previsto o Pernambucano. Ao chegar no camping Palmital, nós percebemos que havia mais um ponto crítico a ser vencido: a saída do rio Palmital de volta à trilha, visto que o rio era bem largo.
Região do Camping Palmital - bom local também


Camping Palmital



Dessa vez fomos astutos, largamos as cargueiras em um ponto e procuramos a trilha (sem elas nas costas) pra ganhar tempo. Em menos de 5 minutos eu encontrei a saída para a trilha mas é: só consegui rápido assim porque estava com GPS. A entrada para a trilha nao é muito clara e não fica exatamente na frente do Camping não (fica um pouquinho mais a cima): com certeza pra quem não tem GPS esse é um ponto que deve tirar um tempinho (se tiver azar) até achar o ponto pra sair.



Nesse momento eu tinha na cabeça a Cachoeira Palmital que, segundo o meu GPS, estava um pouco mais acima do Camping (mas não muito). Só que o Pernambucano barbudo tinha nos posto tanto medo em relação ao tempo e trilha que eu nem cogitei a possibilidade de visitá-lá: não sem muito peso no coração, ia ter que ficar pra oura vez.


Pegamos as cargueiras e seguimos caminho sem nem parar no rio, só tomamos um gole e prosseguimos, sabendo que ainda havia muito por vir ainda. A saída de Palmital até a Toca da Onça (próximo ponto de referência importante que conhecíamos) é, com toda certeza, a parte mais tranquila da trilha. Houve subidas e cansaço, mas era sobre trilha, sem rio, e as subidas não eram intermináveis, sem nenhum pula pula sobre pedras (como é muito comum na serra dos macacos ou nos leitos dos rios), o que deixou a caminhada muito amena e em um ritmo excelente, dado o que já tínhamos passado. Não fizemos uma velocidade gigante, mas foi um tempo bom, porque tínhamos percorrido bastante, já. Saímos do Camping Palmital algo como 9h10min e chegamos na toca da Onça por volta de 10h20min. (uma distância de 1,15km aproximadamente, com subidas, mas não tão forte quanto de Capivara até Palmital).


Parenteses importante sobre o trecho Palmital-Lençóis:


Importante comentar que desde a saída do Rio Capivara até o fim da trilha (em Lençóis) existem, de fato, muitas bifurcações que podem confundir, principalmente pra quem está sem GPS. Muito provavelmente a maioria das bifurcações devem acabar se encontrando (deve haver várias semi-trilhas que terminam confluindo na trilha principal), mas não sabemos dizer se isso vale pra TODAS. O GPS é valioso nessas horas.


Outro ponto importante (que marcamos no mapa) é um ponto de uma escalaminhada considerável, de uma pedrona (marcado no mapa) deve dar uns 3 metros de altura. Tem várias agarras para segurar, mas é um ponto de atenção, onde tivemos que tirar nossas cargueiras para continuar. É subida para quem faz no sentido Vale do Capão-Lençóis, e descida para quem faz no sentido Lençóis-Vale do Capão. Importante dizer que um andarilho solitário fazendo no sentido Vale do Capão-Lençóis pode ter dificuldades de transpor este ponto sozinho.


Ponto da Escalaminhada - na foto pode não parecer, mas transpor esse ponto (subindo) sozinho pode ser bastante complicado.



Nós nos demos ao "luxo" de uma parada de 20 minutos em toca da Onça, um local com uma bela vista, com vento, sombra e tomamos água, apesar de que não podíamos gastar muita água pois, segundo o relato que estávamos seguindo, não haveria mais pontos de água de Palmital até Lençóis, um longo caminho onde era necessário guardar água.
Visão do leito do rio, quase chegando na Toca da Onça

Visão desde a Toca da Onça. Há fotos melhores, mas nós estávamos quebrado e ainda sem saber se ia dar tempo ...




O "luxo de 20 minutos" passou rápido, e a cada minuto que passava a nossa esperança - que tinha começado o terceiro dia já morta - parecia estar ressucitando das cinzas de grão em grão. Algo nos dizia que ainda dava pra terminar o dia em Lençóis. O único que poderia botar tudo a perder, provavelmente, era a famosa Serra do Veneno, que todos diziam ser pesada, com muitas bifurcações e com florestas e pedras.


Segundo relato e mapa, nós sabíamos que agora o que nos esperava era a primeira descida até o Rio dos Mosquitos. Eu esperava que fosse ser algo brusco, então começamos com cautela, fomos de boa.


Essa parte da trilha, no entanto, também foi muito tranquila e chegamos na base do rio muito mais rápido do que havíamos imaginado. Era uma distância pequena, mas eu achei que ia ser mais difícil, afinal de contas, em algum momento iríamos esbarrar com a "impossibilidade" que tanto o pernambucano barbudo havia martelado no dia anterior: se ele tinha dito que não íamos conseguir, é porque tinha que ter alguma parte muito cabeluda pra não conseguí-lo. Em pouco tempo estaríamos no alto da Serra e ali era onde tomaríamos a decisão de tentar chegar em Lençóis ou dormir lá em cima. Só nao dava pra começar a descer e terminar o dia no meio da descida. A decisão tinha que ser tomada antes da descida começar.


Por volta de 11h a gente estava na base do mosquito e achei aquele lugar muito bonito. Mais uma vez estranhei que as pessoas não tivessem dado boas notas àquele ponto, mas dei crédito por tudo ser meio relativo: o fato de não termos parado em Palmital e o fato de que as pessoas em geral esbarram com este rio no início da trilha (porque fazem no sentido inverso Lençóis-Vale do Capão) pode fazer com que as pessoas passem mais vazadas (mais vazadas do que nós passamos) por aqui sem comentar por demais.
Quedinha no Rio dos Mosquitos


Pegando o último grande fôlego antes da pernada final para Lençóis


Tapete verde natural no Rio dos Mosquitos


Aspecto do Rio dos Mosquitos no vale - muito bonito, apesar dos mosquitos





Nós aproveitamos aquele ponto, tiramos fotos, nadamos no rio e bebemo bastante água. O local é muito bonito - claro, com muitos mosquitos pra honrar o nome, mas nadando dá pra escapar deles ;) . Não ficamos muito tempo, no entanto, porque ainda faltava subir um pedacinho da Serra para tomarmos a decisão derradeira e mais importante. Mas uma coisa era certa: talvez essa tenha sido a primeira vez depois de muitas horas em que estávamos com uma confiança muito grande de conseguir terminar a trilha no domingo mesmo.


A subida foi, novamente, uma parte muito tranquila da trilha, sem pula pula,  não foi uma subida terrível e, para nossa surpresa, aproximadamente as 11h50min da manhã, estávamos dando a volta na serra, uma volta simbólica e literal. É um momento da trilha onde faz-se uma curva estranha pela serra, em uma parte com muitas pedras e então, você avista , lá de longe, a cidade de Lençóis. A descida ia iniciar a qualquer momento.


Acho que todos esses fatores - nenhum problema no terceiro dia, fôlego bom, o fato de estarmos vendo a cidade lá embaixo, ainda estar na parte da manhã nos fez acreditar completamente que conseguiríamos fazer aquela descida em tempo. Eu não tinha dúvida que íamos conseguir, nem esperava que estaríamos nesse ponto de decisão tão cedo - eu imaginava que ia chegar ali nesse ponto (alto da serra) só lá pras 14h, mas era meio dia ainda! dava até pra almoçar, se quiséssemos.


A descida final dura aproximadamente 4km. Nós não sabíamos quanto ela desceria, se sempre, ou se de repente só em alguma parte, mas estávamos prontos. Nós sabíamos também que havia lá, ainda no começo da descida, uma casa abandonada. Era onde eu tinha planejado dormir se não conseguíssemos descer, mas frente as novas boas expectativas, àquela casa tinha sido despromovida de "abrigo para a noite" à "restaurante". Era ali que íamos almoçar e mandar bala serra abaixo.


É muito notável como a trilha fica diferente na volta da Serra. Assim que dá-se a volta na Serra do Veneno a vegetação muda muito, fica mais "caatinga", mais espinhosa e mais rala. Em contraparida a trilha fica muito mais batida e fácil de seguir. Essa parte foi bastante fácil. É importante salientar, no entanto, que há alguns pontos onde é fácil se confundir se se estiver sem GPS, como por exemplo o ponto "Área de Pedras" (que marquei no mapa). Nessa região, por exemplo, mesmo alguém com ótimo senso de direção e com um mapa bom pode ficar perdido e não encontrar essa volta. É que as pedras (que começam a aparecer bastante nesse trecho a trilha) abrem clareiras que fazem a trilha ficar "invisível" e pode confundir bastante. Então nessa hora o GPS foi muito útil. Nesse terceiro dia não tínhamos desperdiçado nenhum minuto, mas isso só foi possível com a utilização do GPS.


Outro ponto importante é que o relato que tinhamos levado (que nos ajudou bastante com algumas observações) errou no quesito "Pontos de água". nós tínhamos levado água desde Palmital com medo de não haver mais pontos, mas encontramos alguns bons pontos entre Palmital e Lençóis (inclusive o rio do Mosquito!) então achamos que o redator desse relato, apesar que é um excelente relato, comeu mosca (ou mosquito?) nesse ponto.


Nós chegamos perto à casa abandonada e encontramos uma sombra boa com água corrente e decidimos comer por ali mesmo. É que a casa saía um pouco da trilha e, visto aquele bom ponto para se descansar e que havia água, almoçamos por ali. Achamos curioso que esse foi o primeiro e único ponto da trilha em que a água não era cor de coca-cola, era quase transparente! Apesar disso, o gosto dessa água não era tão sem gosto quanto a dos outros pontos. Então era um ponto de água, mas não tão agradável assim.


Eu comi meus sanduíches e acho que Paulo percebeu que eu fiquei mais calado nesse momento. Não sei o que ocorreu, acho que foi uma flag do meu cérebro desligando, pedindo arrego, mas nesse momento da trilha eu me senti terrivelmente cansado. Acho que foi o momento relax, ond o meu corpo viu que a gente ia conseguir e disse "ok, agora que vc vai conseguir mesmo, dá uma olhada pra mim e me dá um descanso? Olha como vc tá arrebentado!" Eu realmente senti bastante nesta parte. Estava muito cansado, e desejava muito chegar à Lençóis, já. Eu deitei um pouco na pedra e curti cada segundinho contado daquele descanso de 10 minutos logo após o almoço. Estava um pouco mal humorado, pelo cansaço mesmo, apesar de que estávamos indo num ritmo muito bem. Agora era só correr pro abraço.


Nós preparamos as coisas para a descida final, e estávamos preparados para uma descida alucinante, ou talvez para bifurcações labirínticas, nós sabíamos que o pior estava por vir, de uma forma ou outra: a verdade é que de tanto falarem dessa Serra eu estava esperando uma descida tão ruim quanto, ou talvez pior, que a descida que tínhamos feito no primeiro dia, a Serra dos Macacos. Apesar do meu cansaço, íamos conseguir fazer aquilo.


Começamos a descer as 12h50min (fizemos um almoço de 40minutos). A trilha estava muito boa e desejamos que ela continuasse assim por muito tempo. Talvez esperamos pela descida alucinante que nunca ia vir. O sol estava relativamente forte, mas estávamos prontos pro que desse ou viesse. Acho que a partir das 13h30min o meu corpo já estava quase indo no automático, e a trilha estava excelentemente fácil possibilitando que isso ocorresse. Uma descida amena e sem muitas dificuldads. Sem pula pula ou surpresas chatas.


Aos poucos Lençóis ficavam mais próxima dos nossos olhos, enchia nossos olhos como um filé enche uma boca de água e mais próximo ainda dava pra já ver o Ribeirão que formava a famosa Cachoeira Ribeirão do Meio, um dos pontos finais (pra nós, ou iniciais pra quem começa de Lençois) da trilha da Fumaça por baixo.


Mas é claro que teve que ter um gostinho final para esta trilha. A medida que íamos descendo a Serra do Veneno, a vegetação ia rareando mais e mais, e cada vez mais a "trilha" ia ficando apenas por conta de pedras. Muitas pedras, muitas rochas e a trilha ia ficando cada vez mais invisível. Com o GPS tava fácil demais mas por alguma razão que não consegui compreender qual é - provavelmente por ação de Murphy - os últimos 2km da trilha simplemsmente não estavam mais aparecendo no GPS. A partir de certo ponto, eu só tinha marcado o ponto "Ribeirão do Meio" (além de outro ponto que eu tinha pego em um track na internet "Subida Veneno"). Bem, não era o pior dos mundos, porque sabendo a direção, no pior dos casos era só peitar até chegar lá, mas é claro que havia uma possibilidade meio muito terrível de que isso significasse que fícassemos embrenhados bem no meio da serra, nem 8 ou 80, e tívessemos que passar uma horrível noite em um terreno com elevação e sem pontos bons. "Não, por favor" falou o meu cérebro.


A vontade de chegar era muita. Avisei o Paulo daquele último desafio. Aproximadamente as 13h20min o GPS terminou seus trabalhos e agora estávamos de acordo com a direção que sabíamos + o bom senso. Praticamente nesse fim de trilha é só rocha (a trilha não fica muito bem marcada). Mas por sorte, a "trilha" fica marcada na rocha batida, então deu pra seguirmos muito facilmente pela rocha batida (muito visível, pelo menos com a luz do sol) e sempre, em pontos duvidosos, havia alguma setinha desenhada para ajudar. Em dado momento nós conseguimos ouvir vozes. Era a civilização, que já não ouvíamos a alguns dias já, agora a ouvíamos, estavam lá brincando no Ribeirão do Meio. Estávamos muito perto! Segundo o GPS, faltavam só 300 metros pra chegar lá! Eu não estava nem acreditando.


Nesses últimos 300 metros, a trilha complicou, não dava pra ver por onde seguir, e começamos a errar. Eu já estava na reserva da minha reserva. Algo como você estar a um passo do banheiro da sua casa, doido pra mijar, e a chave quebrar na fechadura, o seu cérebro simplesmente dá um tilt. Aquele mesmo mal humor que tinha me acometido no trecho Toca dos Macacos até Capivara me acometeu aqui, porque não conseguia crer que nos últimos 300 metros a trilha tinha ficado confusa. Nós tivemos que subir e descer umas 5 vezes entre mato espinhento, muitos cactus e tentativas frustradas de encarar o mato.


Era um ponto crítico de término de rochas e encontro de floresta, a trilha definitivamente não estava clara aqui. A trilha já estava no papo! Isso era certeza, afinal de contas, faltavam só 300 metros e eram ainda 14h!!!! Mas eu estava sofrível a imaginar que aqueles 300 metros finais com sol a pino pudessem acarretar um atraso de mais uma hora peitando mato, algo que não cabia no meu orçamento de energia. Eu já estava na reserva da reserva, xingando a minha nonagésima geração familiar, a cada pedra que pulava ou a cada cactus que destruía com meu mochilão. Acho que Paulo pôde testemunhar bem o meu estado nesse momento.


Eu tinha um último ponto de apoio marcado no GPS, o início da subida, e então decidimos percorre-lo na raça, para a direita, fomos pulando pedras e passando por cactus , de forma sofrível até que enxergamos uma SETINHA. Foi a setinha que mais tive felicidade de achar nesse mundo. Eu acho que eu teria beijado essa setinha na rocha, se eu tivesse forças de agachar para isso, mas não era o caso. Eu não tinha forças nem pra piscar o olho! Esse ponto da trilha foi marcado por nós como um ponto crítico, saída das rochas entrada para a floresta e está marcado no mapa - talvez seja mais complicado pra quem está fazendo o sentido Vale do Capão-Lençóis (como era nosso caso).


Depois de encontrado esse ponto, a trilha voltou a terra (sem rochas) e fizemos os 300 metros finais que nem um peido.


As 14h30min pisamos nas rochas do Ribeirão do Meio e escutamos as pessoas se deliciando no rio ou se divertindo pulando ou descendo o tobogã natural. Eu cumprimentei o Paulo, com o restinho da energia que eu tinha. Foi um cumprimento do tipo “nós conseguimos”. E descemos.


Ribeirão do Meio
Trata-se de um poção gostoso e com muita água, e que tem um tobogã natural muito legal de escorregar. O Ribeirão fica próximo à cidade de Lençóis por isso é muito badalado.


Altura: é corredeira.
Tamanho do Poço: 30mx30m
Profundidade do Poço: Muito fundo.
Pulabilidade no Poço: Ótimo. Muitos pontos para se pular.
Nadabilidade: Excelente. Poço grande e fundo com vários pontos pra nadar diferentes.
Ficabilidade debaixo da queda: Como não é uma queda livre não dá pra ficar debaixo dela.
Ficabilidade no Local: Muito boa. Em alta temporada e fim de semana pode ficar bem cheio, ficando farofado, mas ainda assim é um ótimo local.
Solo do Poço: Pedras


Ainda calculamos como descer da parte de cima do Tobogã (é onde a trilha está) e achamos um ponto fácil para passar.


Pegamos uma sombra (apesar de que o ribeirão estava bem abarrotado de gente) tirei os meus tênis com os pés destruídos, e desci diretamente para a parte da civilização que mais desejava naquele momento. Aquela mesma parte que foi a última que tínhamos visto lá em cima, no primeiro dia de Fumaça:


"Mê vê uma água e duas cocas-colas". Paguei, nem sei quanto era. R$4,00 devia ser. Vi um paraíso ao tomar a coca.


Nos demos o prêmio de nadar no Ribeirao para relaxar. Não havia a mínima possibilidade de termos forças de descer no tobogã pra brincar, no entanto. Estávamos apenas completamente felizes de termos conseguido fazer a trilha e estávamos pensando até agora qual era o ponto que o Pernambucano barbudo presumiu que seria preciso fazer mágica. Se assim, pode nos chamar de mágicos profissionais, porque terminamos a trilha bem cedo pra algo que era impossível de se fazer até as 18h.


Caminhamos tranquilos em direção a Lençóis e chegamos lá as 16h30min. Ficamos nos perguntando porquê o barbudo havia pensado que não íamos conseguir? Imaginamos que ele achou que íamos bater muita cabeça nos pontos críticos da trilha (saída de Capivara, saída de Palmital e saída das rochas da Serra do Veneno). Mas foi só nesse último ponto citado que isso de fato ocorreu, porque o GPS pediu arrego. talvez ele não soubesse que o GPS realmente faz magia em pontos de bate-cabeça? Enfim,


Chegamos em Lençóis mas a trilha ainda não tinha terminado. Nós ficamos andando mais 2h pela cidade procurando uma vaga para dormir em alguma pousada. Acho que passamos por praticamente todas as pousadas da cidade e se tinha uma coisa que a gente não desejava era dormir mais uma noite na barraca sentindo a dureza do chão. Eu queria muito ver uma cama. Acabamos achando uma, estava um pouco cara, mas por causa do feriado, por R$75,00 (já tínhamos ficado nela na outra viagem por um preço mais baixo). e ficamos por ali.


Comemos uma bela de uma pizza na melhor pizzaria da cidade, com mais cocas de brinde e então as 22h estávamos como anjinhos, deitados em colchão. O carro estava lá fora esperando pra no outro dia irmos pra Ibicoara. Mas o carro reservado agora podia esperar. Porque a gente merecia 8h de descanso depois dessa trilha, que se mostrou mais desafiadora do que eu tinha dado crédito.


Essa trilha fica marcada para todo o sempre: tanto no GPS como na memória. Não vou esquecer nunca o céu estrelado de Capivara, uma mistura de beleza descomunal e suspense preenchendo os olhos dentro de um cenário só.


Agradecimentos:
Ao Antonio pelas dicas dadas antes da viagem.
Agradecimento muito especial ao Caçador de Cachoeira, Paulo: por ter encarado essa difícil trilha, aturado o meu mau-humor em alguns pontos críticos, ter depositado tanta confiança em um GPS de meia idade e em seu dono e ter ajudado tanto em vários pontos  de várias formas durante a trilha: menu, fotos, disposição infalível e companhia por esses 3 penosos, recompensadores e inesquecíveis dias.



Os Caçadores de Cachoeiras

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